terça-feira, 3 de maio de 2011

Mulheres no comando

Enfim, hora de tirar a poeira da casa e começar a colocar as coisas em ordem. Então, é hora de delito novo no Beco. Desta vez, livro! E de mulher, mas não de mulherzinha! A autora já foi chefe do serviço de inteligência Britânica, o MI-5, e não estou falando de Judi Dench, e sua M (antes que me avisem eu sei, que M é chefe do MI-6), e sim de Stella Rimington. Dame Stella, que foi a primeira mulher a chefiar o lendário MI-5, estreia na literatura com o livro Em Risco, um obra ágil e esperta, e digna de figurar aqui no Beco do Crime.
Em risco apresenta para os leitores a agente Liz Carlyle, membro da Junta Antiterrorista (nominho ruim da porra, ô tradução, podia repensar isto, hein?). Experiente, bonita, destemida, Liz, a partir de informações desencontradas que chegam a sua agência, começa a montar um assustador quebra cabeças: tudo indica que a Grã-Bretanha será alvo de um "invisível". (Nota do Gênio do Crime: Na comunidade das agências de inteligência, um invisível é o pior pesadelo a ser enfrentado. Invisível é um terrorista "nativo" do país alvo, e por isto capaz de atravessar fronteiras, se mover sem ser detectado e agir como uma cidadão comum.) E para enfrentar esta ameaça, tudo que Liz e sua equipe tem como ponto de partida é o assassinato de um pescador chulé numa localidade remota com uma incomum munição militar usada por agentes estrangeiros.
A partir daí, o ritmo da história é intenso e Stella Rimington usa de todo seu conhecimento e experiência para criar uma trama real e atrativa, sem menosprezar os leitores. Já falei em outros delitos, não suporto autor "que rouba" ,que acha que vai enganar o leitor com uma solução inviável... Não é o que acontece aqui, Em risco é uma obra muito bem amarrada, e por Stella conhecer (e bem) o assunto que está tratando só valoriza ainda mais o livro. A autora britânica mostra um surpreendente talento para uma iniciante. Stella tem um timing perfeito, e como, quem abre uma Matryoshka, vai revelando apenas o suficiente para manter o leitor preso e atento a história.
 
Eu tenho alguns parâmetros para julgar um livro (Muitas vezes, o fato de um livro ser bem escrito não significa que ele é um bom livro, pelo menos para mim). Gosto é algo bem subjetivo e nem sempre o que agrada um, é bom para outro. Daí o uso destes parâmetros: o tempo que levo para ler, os momentos que paro para ler este livro... e quando o livro é bom mesmo, as vezes, fico "poupando" para a história render mais. E foi isto que aconteceu com este livro, devorei o livro, carreguei para cima e para baixo na mochila, e ainda fiz o máximo para esticar a história, não queria que terminasse e quando acabei já estava com saudades de Liz.
Este é o primeiro livro de Stella, mas confesso que me apaixonei de cara pela agente Carlyle. A personagem é real, ao mesmo tempo que procura terroristas, Liz enfrenta problemas normais de um mulher solteira e não é apresentada como uma mulher maravilha. Além disto, os personagens coadjuvantes são muito bons, Charles Wetherby, o chefe e mentor de Liz e Bruno Mackay, agente do concorrente MI-6 (casa do James Bond) que desperta o interesse (desinteresse?) do Liz, são personagens que devem voltar nos próximos livros e relação dos três promete muito. Do lado de cá, espero logo que venham outros livros da personagem. Estamos muito precisando de protagonistas femininas para fazer companhia a Jack Reacher, Cliff Janeway, Jack Ryan, Harry Bosch e outros! Bem vinda ao Beco do Crime, Liz Carlyle. E, eu também espero voltar logo! Quem se interessar, pode comprar o livro clicando na capa aí debaixo.


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