terça-feira, 24 de maio de 2011

Por tutatis

Há uns dias li uma notícia muito louca sobre espólio de Asterix, Uderzo (um dos criadores do personagem junto com Goscinny) processava a sua filha, que por sua vez, tentava interditar o pai. O fato é que pelo que li, o imbroglio não parece ter uma solução a curto prazo. Mas reacendeu o meu interesse pelo personagem. Para quem não conhece o personagem, um breve resumão:
Asterix é uma série de histórias em quadrinhos criada na França por Albert Uderzo e René Goscinny no ano de 1959.
As suas primeiras histórias apareceram na revista Pilote, ainda em  Outubro de 1959. E o primeiro album, Asterix o Gaulês, foi editado em 1961. E, a partir daí, passaram a ser publicados anualmente. Após a morte de Goscinny, Uderzo prosseguiu o trabalho, e afirmava que não queria que continuassem a série após a sua morte, mas parece que mudou de idéia (e daí começou toda a confusão familiar).
Até hoje foram lançados 33 álbuns com o personagem, e lembro que quando crescia li quase todos. Junto que outros amigos, também fãs do gaulês, a gente reveza os albuns. Procurávamos sempre comprar albuns diferentes para logo completar a leitura de toda a série e um ou outro era bem difícil de achar, como Asterix e grande travessia, mas Asterix e o domínio dos deuses tinha até na banca da esquina...
Um grande barato é que as histórias sempre começam iguais: "Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum..."
Asterix vive nesta pequena aldeia e para resistir ao domínio romano, ele os outros aldeões contam com a ajuda de uma poção mágica que lhes dá uma força sobre-humana, preparada pelo druida da aldeia, Panoramix. A exceção é o seu melhor amigo, Obelix, que caiu dentro de um caldeirão cheio da poção quando ainda era um bebê, e daí adquiriu permanentemente a superforça.
Uma pequena lista dos personagens principal:
Asterix, o herói gaulês, bigodudo, brigão, é dono da bola e o melhor amigo de Obelix.
Obelix, fabricante de menires. Adquiriu força sobre-humana permanente ao cair dentro de um caldeirão cheio de poção quando era um bebê. Adora o cachorrinho Idéiafix, o qual o acompanha em suas aventuras com Asterix. Só pensa em duas coisas: comer javalis e bater nos romanos. 
Companheiro inseparável de Asterix, sempre disposto a uma boa briga.


Panoramix, o velho druida que aconselha Asterix, Obelix e o chefe Abracourcix – é o único a saber preparar a poção mágica.
Abracourcix é o chefe da aldeia. Bonachão, confia plenamente na dupla Asterix e Obelix, apesar das confuses que eles promovem.
Chatotorix, o bardo da aldeia. Péssimo cantor, mas um bom companheiro.  Toda a vez que começa a cantar, cai uma tempestade.

A lista de personagens é vasta e vários nomes do período histórico dão as caras nos albuns, como Julio Cesar e Cleópatra.
O humor de Asterix é tipicamente francês, com trocadilhos, caricaturas e estereótipos e muitas piadas com ícones do século XX devidamente “asterixados”, como os Beatles (ao visitar a Bretanha encontram-se quatro bardos famosos e narigudos com um corte de cabelo esquisito) ou Cleópatra claramente inspirada em Elizabeth Taylor.

Sem falar nos trocadilhos com nomes dos personagens. Todos os povos têm terminações comuns de nomes: os gauleses terminam em -ix, os romanos em -us (Acendealus, Apagalus), normandos em -af (Batiscaf, Telegraf), bretões em -ax e -os (Relax, Godseivezekingos), egípcios em -is (Pedibis, Quadradetenis), gregos em -os e -as(Okeibos, Plexiglas), vikings em -sen (Kerosen, Franksen), godos em -ic (Clodoric, Eletric), e hispânicos nomes compostos (Conchampiñon & Champignon, Lindonjonsón & Nixón).
Algumas piadas são comuns a todos os albuns como o  bordão de Obelix é "Esses [o nome do povo] são uns loucos", sendo "romanos" o povo mais frequente. O horripilante canto de Chatotorix,  geralmente impedido por Automatix, o ferreiro da aldéia, com uma porrada. Os piratas que ao se encontrarem com Asterix e Obelix, têm seu navio afundado (muitas vezes, eles afundam o barco para não apanhar da dupla).
Os quadrinhos de Asterix são uma obra-prima e alegraram minha infância e merecem estar no Beco do Crime. Mas até então, nunca tinha sentado para assistir nenhum dos filmes (o quarto já está em produção) – já tinha visto uma primeira animação e tinha gostado, mas o filme com Gerard Depardieu como Obelix passou batido. Com a polêmica entre pai e filha, lembrei do personagem e resolvi assistir ao filme.
O filme tem tudo dos quadrinhos! O visual é sensacional, o franceses gastaram uma grana para fazer um produto digno de seu patrimonio cultural (os gauleses tem um parque temático com mais visitantes que a eurodisney), Depardieu é o próprio Obelix, Christian Clavier também faz um Asterix passável. A aldeia está lá, assim com todos os amados personagens. Mas alguma coisa não funciona… o roteiro é uma colagem de vários albuns, e lá pelas tantas vira um samba do crioulo doido… com um final mais confuso ainda… e além disto, ainda tem o chato do Roberto Benigni, exagerado e careteiro, tá certo que o personagem dele deveria ser irritante, mas o cara passou da conta…
Falta o charme dos quadrinhos, a adaptação muito literal de tudo elimina as surpresas, para um fã do personagem fica bem fácil adivinhar o que vem a seguir, por mais que a gente espere uma adaptação fiel, alguma coisa diferente tem que acontecer, senão é mais fácil e gostoso ler os albuns… valeu a intenção, mas ficou só nisto… um dia, tomo coragem e assisto ao Segundo filme, para ver se acertaram a mão.




Só nos resta aguardar a nova animação, a primeira em 3d, com a turma de Meu malvado favorito.
Aí embaixo, se clicar nas capas, vocês podem comprar os albuns.


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