quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cheiro de óleo diesel

Amigos meliantes, tem Delito novo no Beco do Crime. E caramba, acho que deste vez me superei! Consegui juntar no mesmo delito, Stephen King, filme B, anos 80 e rock and roll! Como? Com Maximum Overdrive.
Comboio do terror, como ficou conhecido aqui em Terra Brasilis, é a primeira e única incursão de King na direção (até agora). O filme é de 1986, vai tempo… e assisti pela primeira em VHS (é capaz de ter gente lendo isto aqui que não sabe nem do que se trata) alugado no videoclube, depois assisti em algumas sessões de terror das altas madrugadas, quando fiz a minha própria cópia em Vhs…
A trama é inspirada no conto Trucks, e começa quando a terra passa pela cauda de um cometa. Inexplicavelmente as máquinas começam a ganhar vida própria. Caixas eletrônicos chamam os clientes de babacas (nesta cena, o cliente é o próprio King, no seu momento Hitchcock), máquinas de refrigerantes cuspindo latinhas nas pessoas, facas elétricas atacando cozinheiros, pontes levadiças subindo sozinhas e causando o caos, carrinhos de controle remoto atacando cachorros, cortadores de gramas fora de controle...
Logo o espectador é levado para o Dixie Boy, uma furreca parada de caminhões perto do nada e próxima de lugar nenhum, mas na rota de grandes caminhões.
Os frequentadores e funcionários do local pouco a pouco começam a perceber que algo estranho está acontecendo. Vários caminhões começam a chegar e cercar o posto e o clima vai ficando opressivo.
A situação piora e quando os caminhões começam a exigir comida (os veículos querem ser abastecidos) os sobreviventes percebem que estão virando escravos de suas próprias criações e a única opção que se apresenta é a fuga para um outro local, uma ilha chamada Haven Island, a alguma distância da costa da Carolina do Norte, onde veículos e outras máquinas não são permitidos.
Quem assume o comando dos sobreviventes é Bill Robinson, interpretado por Emilio Estevez, o irmão sóbrio de Charlie Sheen. Com um carregamento de armas que estava escondido no porão do posto, a turma parte do Dixie Boy rumo a marina, mas são perseguidos por um monstruoso caminhão que tem uma cabeça do Duende Verde na frente (!) e liderava os caminhões no cerco a lanchonete.
O filme tem um ritmo intenso, e visto depois de um tempo, mostrou mais qualidades do que eu lembrava. É bem claro que um filme com este enredo não pode ser levado a sério, e com este espírito, vira uma grande diversão… Com um muito humor negro, a obra foge das premissas sombrias que costumamos encontrar nos trabalhos de King e tem um ar mais camp, não se sabe se proposital ou não, mas que funciona. E a trilha Sonora a cargo do AC/DC é um show parte, com direito a uma van da banda sendo destruída na ponte levadiça rebelde. Clásssicos como Who Made Who, You Shook Me All Night Long, e Hells Bells foram lançados nesta trilha

No elenco, além de Emilio Esteves (que teve uma carreira que também nunca decolou), temos alguns nomes interessantes, com Pat Hingle, o comissário Gordon dos Batmans de Tim Burton e Joel Schumacher e Yeardley Smith, a voz original de Lisa Simpson.

Outra ponto a se destacar, ainda não se falava em merchandising nesta época (pelo menos nos níveis de hoje) mas vários caminhões do cerco tinha marcas pintadas nas carrocerias, alguma bem conhecidas como Bic. Imaginem hoje quando não valeria esta inserção em um filme.
Por esta obra, King foi indicado ao prêmio Framboesa de Ouro e jurou nunca mais dirigir um filme novamente. Mas em uma entrevista mais recente, já reconsiderou e disse que pode tentar de novo. Talvez o mais sábio seja ficar nas participações especiais no estilo Hitchcock, é menos vergonhoso... O fato é que Maximum Overdrive fez a minha alegria em algumas madrugadas e de outros loucos fãs do King que conheço. Quem não conhece o filme, mas gosta de fortes emoções, pode correr atrás. Mas é melhor correr logo, hollywood já disse que pretende refilmar o filme, e como sempre é melhor esperar o pior destes remakes...
Aí está o trailer para vocês curtirem e um bonus: o clipe de who made who, do AC/DC com a cena de Stephen King no Caixa.



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