terça-feira, 22 de setembro de 2015

O teste de São Tomé

Para os descrentes, a prova está aqui. O Beco do Crime está voltando. Devagarinho, mas voltando. Este período longe rendeu bastante assunto. Tem muita coisa boa para aparecer ainda. Então vamos pegando o ritmo.
No último delito falamos de série, desta vez vamos de livros e sem muita enrolação, vamos de zumbis, super heróis, fim do mundo... Estamos falando de Ex-heroes, de Peter Clines.
Confesso que a primeira vez que vi o livro não me empolguei muito, a chamada x-men + zumbi, não ajudava. Porra... Marvel Zombies estava fresquinha na memória (por falar nisso, já deu, né marvel??)...
Mas o desenho da capa estava bem legal. Depois vi algumas matérias sobre o livro e o interesse aumentou um pouco. Uma pesquisa daqui, uma busca acolá, e descobri que o livro era o primeiro de uma série. Ânimo deu uma bela esfriada, estava com uma porrada de coisa para ler e começar uma nova série não estava nos meus planos. Mas, vi que o autor tinha um outro livro, 14, e de repente um teste para ver se valia a pena seguir adiante era legal.... Hehe...14 vai ficar para um próximo delito. O que importa agora é que Peter Clines foi aprovado. E é hora de Ex-heroes!


O livro começa em Los Angeles, em mundo assolado por zumbis. Até aí, mais do mesmo. Mas. Logo a coisa muda de figura. Na muralha de um complexo fortificado pousa um super-humano. E diferente do que estamos acostumados nos quadrinhos.
Sem uniforme de couro ou lycra, St. George usa uma jaqueta de couro e botas de caminhada, superforte e resistente, capaz de voar e soprar fogo, o herói, que já foi chamado de Might Dragon, se veste como uma pessoa normal, assim como todos os outros superhumanos do livro.
Clines procura colocar seus personagens com um pé na realidade por mais absurdo e extravagantes que sejam os poderes o mundo ao redor deles obedece as leis da física.
Quando St. George é arrastado pelo asfalto sua roupa rasga. Ao correr para saltar e alçar vôo, sua bota perde a sola. Seus óculos quebram...



Esta é a grande sacada que torna os ex-heroes de Clines mais simpáticos e críveis que os x-men de Brian Singer, por exemplo.
A trama não foge muito do tradicional filme de zumbis: sobreviventes sitiados e um bando de mortos-vivos na porta. Um outro grupo de sobreviventes querendo as armas e provisões... Blá blá blá...
No decorrer no livra vamos conhecendo os outros heróis, Gorgon, Zzzap, Stealth, Cerberus, Regenerator e outros, e suas histórias.
Com uma narrativa fragmentada, Clines mostra o surgimento dos heróis, um ano antes da epidemia zumbi se tornar incontrolável. Sem super ameaças a altura dos seus poderes, St. George e companhia se ocupam com traficantes, trombadinhas, ladrões de bancos e problemas mundanos como onde morar ou manter uma identidade secreta...
Até o surgimento do primeiro zumbi, ou ex-humano. Um pequeno problema que logo se alastra e enfim os heróis tem um desafio a altura. E história pega fogo.



Junto de um grupo de sobreviventes, os heróis tomam como um base um estúdio de cinema em Hollywood. Local com infraestrutura e fácil de fortificar e defender. Liderados pela misteriosa Stealth e por St. George, tentam levar uma vida normal da melhor maneira possível.



Até que um dos zumbis demonstra capacidade de se comunicar. E a relação sobreviventes x ex-humanos muda de patamar. A evolução dos mortos-vivos leva os heróis a questionarem tudo que sabiam até o momento.
E enquanto tentam entender o que está acontecendo, são surpreendidos por uma terrível revelação: a origem dos ex-humanos está muito mais próxima do que imaginavam... E terrível... Um segredo que pode destruir de vez a delicada estrutura que mantêm o grupo unido.
Clines deixa suas cartas escondidas e consegue levar o segredo até o fim com um ritmo frenético sem deixar o leitor respirar.
Apesar de seguir a cartilha do mestre George Romero, o autor consegue imprimir sua marca no universo dos zumbis.
Ex-heroes é uma grande leitura e uma agradável surpresa. Divertido e repleto de citações ao universo pop o livro é um prato cheio para os nerds de plantão e fãs do Beco do Crime.
Pronto... Próximo delito...

Em julgamento:
Lúcifer - quadrinho de Mike Carey que vai virar série de tv. Basicamente, Lúcifer encheu o saco do céu e inferno e decidiu criar seu próprio universo. Sem deuses ou demonios, onde a adoração a ídolos está proibida. A coisa não dá muito certo... Velhos pecados assombram a nova criação... 
Uma idéia muito interessante, mas a leitura é arrastada, apesar da arte não ser das minhas preferidas, o material final está muito bonito em especial as capas.

Princess of Mars - depois de ver o filme da Disney, resolvi ler o original de Edgar R. Burroughs, o pai do Tarzan. Achei o filme bem exagerado e a sensação que tinha era que estava muito distante do livro,  mas pelo que li até agora, a adaptação foi surpreendentemente fiel.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A volta dos que não foram

Depois de limpar as teias de aranha, espanar a poeira, faxina geral, o Beco do Crime está habitável novamente. Após um longo e tenebroso inverno, acho que chegou a hora de retomar a rotina aqui no blog.
Neste período que o Beco esteve parado muita coisa aconteceu, então o que não falta é delito novo para os apreciadores do blog. Nesta volta pretendo pegar leve. Motoqueiros, traficantes, armas, traições e muita violência (e sexo também, por que não?) Vamos de série de tv, vamos de Sons of Anarchy.
Sons of Anarchy estreou em 2008, atualmente está na sétima temporada, com a oitava confirmada. A série se passa na fictícia Charming, na California e é centrada nas histórias de Jackson “Jax” Teller (interpretado por Charlie Hunnam), vice presidente do clube de motoqueiros Sons of Anarchy Motorcycle Club, Redwood Original, ou SAMCRO. Cada temporada da série tem duas tramas que vão se cruzando ao longo do ano, a trama principal é centrada na vida de Jax e seus dramas enquanto tenta equilibrar seus deveres com o clube com seus interesses pessoais. A segunda mostra o dia a dia de SAMCRO, o tráfico de armas na parte oeste da California (principal fonte de renda para o grupo), os conflitos constantes com outras gangues e autoridades.


Ao longo da história, vamos conhecendo um pouco mais sobre os Sons, fundado por John Teller, o pai, e Clay Morrow, o padrasto de Jax. Como o clube desviou para o crime e como John pretendia salvar e limpar SAMCRO e Charming, até a morte interromper seus planos.
Esta morte não resolvida é um ponto de interrogação na história do clube e na vida de Jax e parte fundamental da trama da série.
Recheada de personagens fascinantes e de moral dúbia como Jax e Clay (Ron Perlman, o Hellboy) Sons foca nos relacionamentos e tem o grande mérito de dar pronfundidade a cada membro do clube. E desta forma descobrimos como funciona o grupo e suas motivações e como todos estão ligados a Jax e sua família.

Por falar em família, os Tellers são um caso a parte. Com a morte do pai, Jax é criado pelo padrasto, o presidente do clube. Uma relação conturbada e nem um pouco facilitada pela mãe, Gemma (Katey Sagal, a Peggy Bundy de Married with children). A matriarca comanda a família com mão de ferro, e trabalha nos bastidores do clube para valer sua vontade e demonstra um poder sobre os outros membros dos Sons. A atual mulher de Jax, Tara (Maggie Sif) mesmo contra sua vontade é envolvida nos problemas de SAMCRO e sua carreira em ascensão no hospital sofre as consequências.
Enquanto Tara e Gemma brigam pelo poder em casa, Jax e Clay disputam a liderança dos Sons e estes conflitos podem levar ao fim de SAMCRO.


Um sacada interessante da série é o visual de Jax, todos os membros do grupo usam e abusam do visual motoqueiros, jaquetas de couro, camisas pretas, tatuagens, botas... Jax, apesar da jaqueta preta, quase sempre está com uma camiseta branca imaculada com tênis também brancos. Um visual que o destaca dos outros e mostra que é o mocinho da história (não tão mocinho assim... O rapaz é tão violento quanto os outros).
Difícil falar de 7 anos de uma série sem revelar spoilers (não é do feitio do Beco estragar as surpresas), vou tentar ser o mais sucinto possível: Sons of Anarchy é foda! Primeira temporada começa meio devagar, eu mesmo fui e voltei várias vezes antes de embarcar de vez. Mas depois que engrena, o ritmo fica alucinante...
O grupo se envolve com o IRA e o sequestro de um dos bebês de Jax leva os Sons para a Irlanda e a uma verdadeira guerra. De volta aos EUA, passa uma temporada na prisão onde um dos membros morre em um luta sangrenta. (a série não dosa a violência, o sangue corre solto. Assassinatos brutais, torturas, tudo é mostrado sem filtro).
A morte de Oppie, seu melhor amigo e braço direito, faz Jax repensar suas prioridades e o leva buscar novos caminhos para o grupo. Briga com o IRA também diminuiu o lucro do clube, e Jax começa uma parceria com um estúdio de filmes pornô (o que faz a alegria dos outros Sons) na tentativa de conseguir uma nova fonte de renda. Construção, prostituição, SAMCRO coloca os pés em vários negócios nem todos legais, todos com problemas...
Com uma trilha sonora baseada em um rock de beira de estrada cheia de poeira, Sons of Anarchy é um prato cheio para quem além de boas histórias gosta de boa música. Destaque para Katey Sagal e Mark Boone Junior (o Bob Elvis da série) que além de atuar também participam da trilha.
Stephen King como Bachman
Sem falar na participação do tio King como um especialista em limpar cenas de crime. Bachman (personagem nomeado a partir do pseudônimo que King usou em vários dos seus livros) aparece para ajudar Gemma e Tig a se livrarem do corpo da enfermeira do pai de Gemma, morta por Tara (família complicada é isso aí...).

Sem mais enrolação, segue abertura da série e música e mais algumas coisinhas.


Bem vindos de volta ao Beco do Crime.
    
A Abertura

    
 Katey Sagal e Son of a preacher man

    
 Nem tudo é perfeito em Charming...

    
 Quando disse que a série era violenta...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Gato Preto na área

Muita coisa rolou, muita água passou debaixo da ponte e já passamos outubro, (e até novembro). Mês das crianças, halloween, bruxas e gatos pretos ficou para trás. Mas não dá para deixar passar em branco, aqui no Beco do Crime temos um gato preto especial. Quadrinho europeu de altíssimo nível, o delito da vez, trata de Blacksad.
Neste momento que vemos Guerra Civil, Blackest night, Crise final e afins , é uma grata surpresa encontrar uma hq voltada para o entretenimento. Sem querer ser mais  do que ninguém, sem querer ser a versão definitiva do momento deste ou daquele herói ou vilão, Blacksad entrega ao leitor algo que faz tempo que não via: uma ótima história!
Apesar de não ser tão recente (Blacksad já andou pelas bancas e livrarias da terra brasilis em um passado não tão distante) foi apenas agora que tive a oportunidade de ler a série completa. E, tive a comprovação do que já suspeitava a época, Blacksad é bom demais!
E agora, nas imortais palavras de Januário de Oliveira:  Taí o que você queria: John Blacksad é um gato negro, criado pelos espanhóis Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido e teve sua primeira história publicada no ano 2000.
Ambientado na américa, no fim dos anos 50, Blacksad tem todos os (bons) ingredientes de um filme noir, mulheres fatais, policiais corruptos, um herói durão e sem medo de usar violência quando necessário (ou der vontade).  Os personagens são animais antropomórficos os quais as espécies refletem as características de suas personalidades. Apesar de muitas vezes parecer um pouco óbvio, os autores usam estereótipos de forma (nem tantas vezes sutil) mas sempre corretas,  por exemplo, os policiais da série são todos caninos: Pastores Alemães,  Bloodhounds, e raposas. Enquanto os personagens do submundo são repteis ou anfíbios. Demonstrando muito cuidado com todo o material, as personagens femininas tem um visual muito mais humano que suas contrapartes masculinas, principalmente as que tem um papel mais importante ou envolvimento com um personagem relevante. 
O texto de Canales é redondo, muito bem amarrado, mas é a arte de Guarnido o ponto alto da série. A partir de aquarelas detalhadas, incluindo lugares reais, Guarnido consegue criar um clima realístico, ao mesmo tempo sujo e escuro, e perfeitamente integrado com os animais que estrelam a série.
Os principais personagens são:
John Blacksad – cabeça dura, explosivo, violento, Blacksad é um gato preto e típico detetive particular. Criado em um vizinhança pobre, o gato passou grande parte da sua juventude correndo da polícia, esta experiência, e o fato de ter servido na segunda guerra mundial, aprimoraram seu extinto de sobrevivência e habilidades de luta. Surpreendentemente, Blacksad passou um ano na universidade estudando história antes de ser expulso. Como todo bom detetive particular, narra suas próprias histórias com bastante cinismo e comentários críticos sobre o mundo a sua volta.
Weekly – Parceiro ocasional de Blacksad, Weekly é uma doninha com aversão a água e sabão. Otimista e fedorento, costuma trabalhar para um jornal chamado What’s new.
Smirnov – Comissário de polícia e um dos poucos amigos de Blacksad, Smirnov muitas vezes ajuda Blacksad a resolver seus casos, já que sozinho não poderia tocar nos altos escalões sem sofrer pressão “de cima”

Achei 4 volumes do gato:
Somewhere Within the Shadows
Neste primeiro, Blacksad investiga o assassinatode uma famosa atriz, Natalia Willford, com quem Blacsad já teve uma relacionamento.
Suspeitos aparecendo mortos, prisão indevida, uma surra inesperada, este livro tem todos os elementos dos clássicos noir. Poderosos se julgando acima da lei, capangas violentos (e burros), malandros e espertalhões, e um final brutal e politicamente incorreto (mas cheio de justiça). Um perfeito cartão de visitas para Blacksad. Parte disto saiu no Brasil, e foi isto que me chamou a atenção.

Arctic Nation
Enquanto o primeiro livro seguia uma linha mais criminal, neste volume já temos uma temática mais social. Blacksad se vê as voltas com o desaparecimento da jovem Kaylie. Em um subúrbio onde a recessão do pós-guerra parece interminável, Blacksad descobre que abaixo da superfície harmoniosa, existe um submundo de repressão, depravação e violência (e claro, muitos segredos comprometedores).  As margens da sociedade o grupo chamado Nação ártica promove a a segregação racial e mantêm um controle autoritário sobre a localidade. A ação chega ao ápice durante uma cerimonia nos moldes da Klu Klux Kan, que Blacksad detona pra resolver seu caso.
É, também, neste livro que somos apresentamos a Weekly, que depois de certa resistência de Blacksad se torna seu parceiro e um dos seu poucos amigos.

Red Soul
No terceiro volume, Blacksad está trabalhdo para  Hewitt Mandeline, um velho jabuti milionário e bon vivant que o arrasta para Las Vegas e na volta para casa a um vernissage onde encontra o Comissário Smirnov e sua família.
Em Red Soul, conhecemos um pouco mais do passado de Blacksad. Na mesma galeria onde encontrou a família Smirnov, ele toma conhecimento de uma palestra envolvendo um antigo professor, Otto Lieber, renomado físico nuclear e candidato ao Nobel.
Enquanto Artic Nation falava de conflitos sociais e econômicos a pegada aqui é mais política. O pano de fundo da história envolve corrida nuclear e ameaça comunista. Apesar dos assassinatos e todo o clima de suspense, pela primeira vez vemos um Blacksad mais contido, (e sensível) . O detetive começa um relacionamento (ilícito, é claro) com uma pacifista e logo está no centro de uma conspiração internacional.

A Silent Hell
Situado em New Orleans, e com jazz a todo volume, desta vez menos crítico e contestador que os dois volumes anteriores, este álbum segue a linha do primeiro, assassinato e muito mistério. Blacksad e Weekly são contratados pelo famoso e bem sucedido produtor Faust LaChapelle para encontrar seu melhor músico, Sebastian “little hand” Fletcher. Faust teme que o vício em heroína de Sebastian pode  te algo a ver com seu desaparecimento.
Músicas roubadas, tráfico de drogas, velhos segredos, voodoo, tudo que se espera encontrar em New Orleans está neste livro, além de um Blacksad, violento e disposto a resolver o seu caso a qualquer custo.
 
Como disse lá no começo do delito, descobri Blacksad durante uma fase que comprava tudo que encontrava de quadrinhos em banca de jornal. Logo depois o gato desapareceu do mercado nacional e ficou esquecido na minha prateleira. Até que tive que mudar e organizar meus livros, quando reencontrei as revistas. E uma coisa leva a outra, busquei os outros álbuns e não me arrependi...
Quem gosta de um bom quadrinho, de uma boa história, com boas referências, tem um prato cheio na mão.  Vale muito a pena.

Em julgamento:
Psych – comédia rápida e sem compromisso, traz as aventuras de Shawn Spencer, que desde criança foi treinado por seu pai, oficial de policial, para ser um super detetive. Rebelde e descompromissado, Shawn não se interessou em seguir carreira, mas começa a ajudar a polícia de Santa Bárbara, fingindo ser médium e usando as técnicas que aprendeu com seu pai. Com a ajuda do seu inseparável amigo de infância, Burton Guster, Shawn desvenda os mais difíceis casos enquanto tenta se “enroscar” com a detetive Juliet.

Bones – série policial na linha parceiros diferentes que não se entendem. No caso um agente do FBI, durão e cheio de instintos que começa a trabalhar com uma antropóloga forense para resolver casos mais bizarros a partir da identificação de ossadas. Um pouco de CSI, muito de tecnologia nas resolução dos mistérios, mas o grande barato da série é a relação entre o agente Seeley Booth e a doutora Temperance Brennan, ou Bones, como é chamada pelo parceiro. A antropóloga é toda razão e fatos, e se mostra (até certo ponto) incapaz de mostrar emoção no seu dia a dia, ao contrário do parceiro. Além disto, Bones demonstra um distanciamento dos fatos atuais e cultura pop que rendem ótimas piadas quando Booth a “sacaneia”.

Indiciados
Xmen – first class – atrasadão, mas até agora ainda não assisti ao último filme. Depois de Thor, Man of steel, capitão américa, deu vontade de ver este também.
Rachel Rising – quadrinhos de vampiro, descoberto por acaso e de autoria de Terry Morre
Cuckoo’s Calling – escrita por J.K Rowling sob um pseudônimo, e o fato de ser um suspense, me despertaram a curiosidade.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filho de peixe, peixinho é?

Papai King e Joseph Hillstron King
Nesta volta ao Beco do Crime, vou tentar algo diferente. Até para conseguir vir aqui mais vezes, pretendo simplificar um pouco os delitos... quer saber... vou nada... o que me diverte é escrever e passar as informações completas e minhas opiniões todas... se começar a falar menos perde a graça... Dito isto, vamos ao que interessa...
Em todas as áreas existem filhos que querem seguir os passos dos pais. E pais que querem que os filhos ocupem seus lugares... Esta relação nem sempre é garantia de sucesso, na verdade, os exemplos de filhos que não conseguem chegar aos pés dos pais são inúmeros. Nos esportes temos um monte, o mais emblemático talvez seja do próprio Pelé. Seu filho resolveu ser jogador também, mas diferente do pai, quis ser goleiro, sem problema... o cara quase chegou  aos mil gols também... hehe... Na formula 1, dois casos distintos, os britânicos Graham Hill e seu filho Damon, que foi campeão do mundo e tricampeão brasileiro Nelson Piquet, que não conseguiu emplacar o seu filho Nelsinho. No cinema temos vários outros, e nesta área o sucesso da família já é mais comum, só para citar alguns temos Kirk e Michael Douglas e Toni Curtis e Jamie Lee Curtis entre outros...
Até mesmo nos quadrinhos temos alguns como a família Kubert com Joe e seus filhos Adam e Andy e John Romita e John Romita jr, veteranos desenhistas do Homem Aranha.
Mas e na literatura? Tirando a nacional família Veríssimo, o único outro nome que me vem a cabeça são os Kings. Quem? Ele mesmo, Stephen King e seu filho Joseph Hillstrom King, ou simplesmente Joe Hill.
Mas, e aí? Ser filho de um dos maiores escritores vivos e mestre do horror, deveria ser para deixar qualquer um nervoso, certo? E se você quer ser escritor, sabiamente, escolheria outro gênero para trabalhar... Hill, espertamente, optou por começar sua carreira sem o sobrenome King. E somente depois de bem estabelecido, revelou ser filho de Stephen King.
Historinha muito bonita, funciona otimamente para os marqueteiros das editoras (está aí a J.K Rowling que não me deixa mentir – mas isto é caso para outro delito), porém a pergunta de um milhão de dólares é: o cara tem talento?
Sim. E podia terminar por aqui... Mas não vou fazer isto com vocês...
Li os três livros do cara, Fantasmas do século XX, Estrada da noite e O pacto, além dos três primeiros volumes da série em quadrinhos Locke & Key. Deste material, Fantasmas do século XX é um livro de contos, e apesar de alguma coisa interessante, é o mais fraco de todos (o que não quer dizer que seja ruim). O fato que é que Estrada da Noite e O pacto são muito bons!
O Pacto ainda vai gerar muito burburinho por aí, pois está virando filme com Daniel Radcliffe, o Harry Potter, no papel de Ig Perish, um rapaz que um dia acorda e descobre que está crescendo chifres em sua cabeça (não pensem besteira, a namorada de Igg foi assassinada). Junto com os chifres, Ig ganha alguns poderes sobrenaturais, como a capacidade de ler mentes e fazer as pessoas revelarem seus mais escuros segredos. E a oportunidade de descobrir o assassino de seu namorada. Ainda fiquei com algumas restrições quando vi o título em português, o original Horns é muito mais expressivo, mas depois pensando bem, vi que um livro intitulado Chifrudo não teria muita chance de sucesso por aqui...
O fato é que a obra é muito bem escrita, cheia de ação e com um grande humor negro. O pacto mostra que Hill aprendeu direitinho as lições de papai King.
Locke & Key é muito legal, tem ótimos desenhos e uma trama interessante. Depois do assassinato do seu pai, os irmãos Locke,  Tyler, Kinsey e Body se mudam junto com a mãe para a antiga casa da família, a mansão Keyhouse. Cheia de mistérios, a casa é uma atração para os garotos que logo começam a achar algumas chaves especiais que liberam incríveis poderes, como a capacidade de retirar as memórias da cabeça de uma pessoa, transformar pessoas em fantasmas entre outros... Mas os jovens descobrem que não são os únicos a procura das chaves, um demônio conhecido como Dodge está em busca de uma chave muito especial e sabe muito sobre o passado do patriarca da família Locke. Por ser uma história em quadrinhos, todas as viagens de Hill se tornam realidade nos traços do artista Gabriel Rodrigues. Quadrinhos de primeira.
Todavia (enfim consegui usar esta palavra!) na minha modesta opinião, a Estrada da Noite é o melhor dos livros de Joseph Hillstrom. Uma história de fantasmas de primeira!
A trama é a seguinte: Roqueiro das antigas, Judas Coyne está aposentado e agora passa o tempo colecionando artefatos mórbidos, como a confissão de uma bruxa, um filme snuff e sua última aquisição, o terno de um morto! O roqueiro é informado que o espírito do morto está diretamente ligado ao traje e vai junto não importa para onde o terno vá. Para Judas, a chance de comprar o terno e de quebra um poltergeist é irresistível.
A roupa chega em uma caixa com formato de coração (Heart-shaped box, o título original do livro) e logo uma série de ocorrências estranhas deixam em Judas a impressão de que o fantasmas é mais perigoso do que pensava e quer matar o roqueiro e sua entourage...
Quando Danny Wooten, seu assistente, descobre que está em perigo e pede demissão, Judas resolve investigar mais sobre o terno e o fantasma. E aí, que a história esquenta, o fantasma se chama Craddock Mcdermott e era o padrasto de uma garota que Judas namorou por um tempo. Florida (Judas renomeava todas suas namoradas com nomes de seus estados de origem, depois de Florida veio Georgia) se matou e o padrasto (ou fantasma do padrasto) quer vingança por achar que Judas é o responsável pela morte da menina.
E a partir daí o livro pega fogo! Judas e Georgia descobrem que o velho músico não tem culpa nenhuma do suicídio de Florida, pelo contrário, a menina tinha uma história traumática  e conturbada com seu padrasto e Judas foi uma das poucas pessoas a tentar ajuda-la.
A família de Florida, irmã e padrasto, é responsável pelo suicídio. Craddock era um filho da puta (desculpem meu francês) que abusava das filhas e tinha uma queda para o ocultismo, e com isto consegue "amarrar" sua alma ao terno. A medida de que Judas e Georgia avançam em sua investigação descobrem que existem muito mais esqueletos no armário dos Mcdermott.
Batalhas sobrenaturais, poltergeists, sangue, violência... Joe Hill usa de tudo e mais um pouco para entregar ao leitor um livro sensacional. Quem gosta de história de fantasma vai ficar assombrado (desculpem o trocadilho, não resisti...) com Estrada da Noite.
Joseph Hillstrom King prova que o talento, neste caso, veio de berço... Agora é esperar para ler o novo dele, NOS4a2.

Vou começar uma tradição aqui no Beco, vou falar rapidamente do que estou lendo ou assistindo e o que está na fila.
Em julgamento: X-factor de Peter David, depois de um bom tempo sem ler quadrinhos tradicional, ler as histórias de Madroxx e companhia tem sido bem relaxante.
Hemlock Grove, o livro até agora está interessante. Suspense muito bem escrito. Quando terminar pretendo assistir ao restante da série, o primeiro episódio foi muito bom.
The good guys, série com Colin Hanks e Bradley Whitford, clássica tira certinho-tira doidão, vale uma olhada pela química dos personagens e pela gracinha da Jenny Wade no papel de Liz Traynor. Colin Hanks é filho de Tom Hanks (outro exemplo de família no mesmo ramo para encerrar o delito de hoje)

quinta-feira, 14 de março de 2013

I's justified.

Bom, tudo pode ser justificado. Posso dar várias razões para o atraso do Beco, sumiço do Beco, abandono no Beco, mas nas sábias palavras de Raylan Givens, I's justified! Gostei disto!
Alguém aí sabe quem é Raylan Givens? Como não? Tá legal, vou desculpar vocês, e dizer quem é, afinal o Beco do Crime está aqui para isto mesmo… Raylan Givens é filho do escritor norte-americano Elmore Leonard (na verdade ele é filho de Arlo Givens, mas como Leonard criou os dois….), apareceu primeiro no livro Pronto e depois em Rinding the rap e no mais recente, Raylan Givens. Assim como Karen Sisco e Jack Foley, outros personagens de Leonard, Raylan, volta e meia é citado nos outros livros do autor. Conheci o Raylan em Pronto, e apesar de achar o livro interessante (mas com sérios problemas na tradução), não me liguei muito no personagem de cara. Mas depois de ler outros livros de Leonard, a presença de Raylan nos fundos me deixou curioso. Quando comecei a assistir Justified, sabia que conhecia aquele nome de algum lugar, com a ajuda preciosa de Larry Page e Sergey Brin, finalmente, consegui ligar o nome a pessoa.
A série desenvolvida pelo FX, me ganhou logo de cara: começa com um tiroteio na cobertura de um hotel em Miami (tá lá no video no fim do delito). E Justified pega o gancho deixado em Pronto, Rylan confronta um suspeito e passa fogo nele depois de dizer que tinha avisado antes e que ele não soube usar as 24 horas para sumir como sugerido. Quando perguntado sobre o tiroteio, Raylan responde: It’s Justified. (não consigo uma tradução legal!).
Raylan e Ava Crowder
Como punição pela confusão, Raylan é realocado de Miami para Kentucky, e o condado de Harlan, sua terra natal, de onde saiu com a intenção de nunca mais voltar. E e aí que entramos na história e conhecemos mesmo Raylan Givens. Interpretado por Timothy Olyphant, Givens ganha cara e um arrastado sotaque caipira. Além de um cinismo e humor negro de primeira. Raylan é um delegado federal com um estranho senso de honra, apesar de honesto, o agente não se incomada em usar de violência, ameaçar os suspeitos e mentir para solucionar seus casos. Sem falar que não se incomoda em usar sua arma, e como deixa claro várias vezes, se tiver que sacar, vai atirar para matar! O que rende grandes momentos nos episódios, como quando atira no próprio pai, um criminoso costumaz. Com um inseparável chapéu Stetson 'Open Road' (outro motivos para boas piadas), Raylan cultiva um visual de cowboy moderno, completamente fora de sintonia nas grandes cidades, mas perfeito para Harlan e cercanias.
Winona Hawkins, ex esposa de Raylan
Mas uma série não é feita só de um personagem, mas de vários personagens coadjuvantes de primeira, sem falar nas belas mocinhas que Raylan vai passando o rodo no decorrer da série (muito machista?) nesta areas se destacam Ava Crowder (a bela Joelle Carter), esposa do criminoso Bowman Crowder (morto pela própria Ava, em legítima defesa, que fique claro) e Winona Hawkins (a loirinha Natalie Zea) ex esposa de Raylan e ainda apaixonada por ele. Na ala dos cuecas temos Art Mullen (Nick Searcy), chefe de Raylan e muitas vezes coniventes com os arroubos de seu delegado. Mas os grandes destaques nesta ala são mesmo, Boyd Crowder (vivido por um inspirado Walter Goggins), que também leva um tiro de Raylan (logo na primeira temporada) e o atormentado e psicótico Dickie Bennet (um Jeremy Davies magistral). 
Ava e Boyd Crowder
Além dos personagens bem desenvolvidos e carismáticos, a série mostra um lado dos Estados Unidos pouco conhecido por aqui, assim como True Blood e sua Lousiana, Justified retrata um lado rural e muitas vezes duro dos EUA, sem estereotipar, vemos o Estados Unidos country de uma maneira realista e surpreendente para quem está acostumado com series sempre em Nova York ou Los Angeles. Justified já está na quarta temporada e ainda vem agradando ao público e crítica. E parece que vai continuar no ar por mais algum tempo! Que nossa temporada em Kentucky ainda dure bastante tempo. Para não perder o hábito segue o trailer da primeira temporada, aqui já dá para ter uma boa idéia de quem é Raylan Givens (o tiroteio de miami está aí!):

 e uma série de tiroteios com Raylan:

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O espírito da coisa

Verdade! O Beco do Crime não acabou. E vai continuar em 2013, espero que com mais frequência, pois tem muita coisa boa para aparecer por aqui.
Devagar se vai ao longe, a pressa é inimiga da perfeição e blablablá... chega de besteira... Tem muita coisa acontecendo e não dá para ficar perdendo tempo com lenga lenga! Já estamos muito atrasados. No delito de hoje, uma história nobre de superação do medo... um ato de coragem e de uma enorme cara de pau!
Desta vez, o delito é sobre The Spirit, o filme de Frank Miller, um dos gênios dos quadrinhos nos anos 80. The Spirit é obra de Frank Miller, assinatura de Frank Miller e CAGADA (grande, em letras maiúscula mesmo) de Frank Miller. O filme é prova definitiva que Miller está completamente gagá, senil e que perdeu todo o senso crítico e noção de rídiculo!
Para quem está chegando agora e não conhece o Spirit, uma rápida introdução do personagem: The Spirit é a imortal criação do genial Will Eisner. Sacaram a adjetivação toda? Entenderam o exagero? É para deixar bem claro o tamanho da CAGADA do cara de pau do Frank Miller.
O personagem apareceu pela primeira vez em 2 de Junho de 1940 em um suplemento dominical nos Estados Unidos. A trama traz as aventuras de um vigilante mascarado que combate ao crime em Central City com a benção do Comissário de policia Dolan. Dolan sabe a verdadeira identidade de Spirit, um dos seu detetives, Denny Colt, dado como morto no cumprimento do dever. As histórias seguem variados estilos do noir a simples aventuras, de horror a comédia, do mistério ao romance. Sempre com um tom bem humorado e leveza. Com Spirit, Will Eisner começou o seu trabalho que elevou a história em quadrinhos em arte. Saindo do estilo “quadradão” e careta dos quadrinhos feitos a época, Eisner inventou, derreteu quadrinhos, estourou balões, escondeu títulos, mostrou títulos, fez coisas impensáveis, conseguiu reconhecimento de crítica e público e forjou o termo Graphic Novel! E todo este trabalho em preto e branco. Eisner levou cortes cinematográficos para seus trabalhos, sem medo de ousar. Desenvolveu um estilo único, copiado por todos que vieram depois. Sem Eisner não existiria Frank Miller e Cavaleiro das Trevas ou Ronin...
E Frank Miler se achou no direito de achincalhar a obra de Will Eisner! Criou um filme com um visual até interessante, mas sem muito a ver com o Spirit original de Eisner, e descaralhou toda história do personagem… Recheou o filme de belas mulheres e só… Tem um Samuel L. Jackson histérico e ridículo com poderes incompreensíveis e com uma relação inventada e mau explicada com o Spirit…
Repetindo o estilo visual usado em Sin City, Miller tenta de todas as formas criar uma obra que... o que..., sei lá, não consegui entender o que o cara tentou fazer... Não é Sin City e não chega nem perto do que seria interessante para Spirit (talvez o visual de Sky Capitain fosse o mais adequado para esta adaptação).
Sempre achei que para fazer um bom filme baseado em Hq, antes de mais nada é necessário um mínimo de respeito com os fãs e com a história… Não dá para esquecer ou subverter o que funciona durante anos de uma hora para outra, não é preciso reinventar a roda...
Não se pode inventar uma nova origem para um personagem e esquecer anos de mitologia… Stallone se estrepou em Juiz Dread, a Warner quis inventar com a mulher gato e Constantine, tem ainda o Fantasma ridículo de Billy Zane e tantos outros tiros na água. O que já deveria deixar Miller de sobreaviso. Ele até que conseguiu fazer um bom trabalho com seu Sin City (o que aumenta minha certeza que quem fez o filme foi mesmo o Robert Rodrigues), e terminou elevando as expectativas para Spirit.
 Atualizar um personagem não é uma tarefa impossível (vide o que a BBC conseguiu com seu Sherlock, já comentado aqui no Beco), mas Miller escorrega feio e fica no meio do caminho e o que vemos da tela é um filme ruim, sem carisma, exagerado e fora do tom. Depois de tanto trabalho bem feito como  Hellboy do Del toro, o Batman do Nolan, os filmes da Marvel, assistir a Spirit foi uma decepção.
Como fã de Will Eisner e do Spirit, e apreciador do trabalho de Frank Miller (até certo ponto), me considero no direito de reclamar e esculhambar com ele! O que ele fez é tão sem próposito que me deixou sem palavras. O filme me irritou e tirou do sério como a muito tempo não acontecia (há muito tempo não vinha aqui no Beco bater em alguém, mas não consegui me segurar)…
E como cereja do bolo, Miller trabalhou nas artes de divulgação do filme, o cartaz negro ao lado  e fez um trabalho porco, como tem sido os seus últimos (não acredito que ele tenha desaprendido a desenha me parece apenas preguiça ou desleixo)
O que só me deixa a certeza que Frank Miller não entendeu o espírito da coisa… é hora de pegar os pincéis e ir para um asilo calmo e lembrar os bons tempos de Ronin e O Cavaleiro das Trevas,  e parar de estragar o trabalho dos outros! Aí embaixo o trailer para os corajosos...

Para quem conhece Wil Eisner, uma visita do Spirit a metrópolis no aniversário do Superman.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tirando a teia de Aranha!

Ah... Como é bom estar de volta! Depois de um longo e tenebroso inverno é hora de voltar a ativa, assunto é que não falta para o Beco do Crime, temos Tequila Vermelha, Hieronimous Bosch, Joe Hill (sim, o filho do Homem!), Warehouse 13, Justified  muita coisa para aparecer no Beco, mas não agora. Agora é hora de modinha: Jogos Vorazes! Porque modinha? Por que Jogos Vorazes? Porque eu li o livro em 2010, antes de virar modinha, pô! E gostei. E vamos ao que interessa que a fila é longa...
A trama é simples, e logo traz a memória outros clássicos do futuro apocalípitico, Mad Max e a cúpula do trovão é um bom exemplo, os Jogos Vorazes acontecem em um futuro não identificado, após a destruição dos Estados Unidos, e o surgimento de uma nova nação chamada Panem. Este novo país é formado por uma rica capital e outros 12 distritos pobres e dominados. Como represália aos distritos por um levante contra a capital, todo ano um casal de cada distrito com idade entre 12 e 18 anos são aleatoriamente selecionados por um processo conhecido como Colheita e forçados a participarem de um violento evento televisivo, os Jogos Vorazes.
As regras são simples: os 24 tributos, como são chamados os jovens, são levados a uma gigantesca arena (que a cada ano tem um tema diferente – florestas, cidades, ruínas) e devem lutar entre si, até só restar um sobrevivente. O vitorioso, além da glória, leva grandes vantagens para seu distrito.
No livro de Suzanne Collins, a personagem principal é a jovem de 16 anos, Katniss Everdeen. tributo do Distrito 12 junto com Peeta Mellark. Mas Katniss, na realidade, não foi uma escolhida, a menina se oferece para os jogos no lugar da pequena irmã, e provoca grande comoção no país. 
Após a Colheita (cerimonia de escolha dos tributos, transmitida ao vivo para todo o país), Katniss e Peeta são levados para a Capital, onde conhecem os outros tributos e são oficialmente apresentados a audiência. A situação da jovem sofre uma grande reviravolta quando durante o treinamento dos tributos e entrevistas preparatórias, Peeta revela ao mundo um longo e inesperado amor platônico por Katniss. A jovem logo imagina que isto é um tática de Peeta para angariar simpatia e apoio dos espectadores, já que este apoio pode ser crucial a sobrevivência do tributo durante os Jogos.
E assim que os jogos começam, 11 dos tributos morrem no primeiro confronto. Katniss e Peeta conseguem sobreviver ao primeiro dia e terminam se separando. E enquanto os dias passam, a jovem usa de toda a sua habilidade de caça e sobrevivência ao ar livre para se manter viva.
A cada dia, novas surpresas aparecem nos Jogos. E o suposto relacionamentos dos jovens do Distrito 12, termina por mudar as regras, pela primeira vez desde a criação dos Jogos dois tributos do mesmo distrito podem se tornar vencedores juntos.
O jogo muda para Katniss e Peeta, e o que era um romance para ganhar pontos no ibope passa a ser algo muito diferente. As reviravoltas do jogo e a toda a dificuldade de Katniss em sobreviver levam os leitores a sofrer junto com a protagonista e narradora, enquanto descobre um pouco do seu passado e do seu relacionamento com Peeta.
Suzanne Collins traz para o leitor um livro ousado e dinâmico. Bebendo nas melhores fontes de ficção científica, como o já citado Mad Max e a cúpula do trovão, em clássicos como O senhor das Moscas, e o filme The Running Men, com Arnold Schwarzenegger (Baseado em conto do Tio King), entre outras referências. A autora faz uma dura crítica a sociedade atual dos Big Brothers e outros realitys sem, em nenhum momento, deixar o ritmo e a diversão se perderem. Jogos Vorazes é um livro atraente e atual, uma escolha acertada para quem gosta de ficção científica.
E quando comecei este delito, ainda não tinha assistido ao filme, mas agora já vi. Quem costuma acompanha o Beco já sabe que sempre sou bastante crítico com as adaptações, não tenho muita paciência (leia-se saco mesmo) com as “licenças poéticas”  e desvarios que os roteiristas e diretores usam e abusam para hollywoodizar seus produtos, mas neste caso a adaptação até que é bem honesta. Não chega aos pé do já citado Mad Max, porém como adaptação é bem melhor que Ladrão de Raios (eu gosto do livro), por exemplo.
O elenco escolhido tem seus acertos. Jennifer Lawrence é uma gracinha e faz uma Katniss bem passável, Woody Harrelson mais uma vez faz o seu papel de doidão/gente boa (gosto dele, mas já está entrando no piloto automático também) e quem arrebenta bem mesmo e rouba a cena quando aparece é o pai de Jack Bauer, Donald Sutherland como presidente Snow. Cínico como sempre, o velho Hawkeye dá um show: Welcome! We salute your courage and your sacrifice and we wish you Happy Hunger Games!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Oh Diabos….

De volta ao Beco do Crime… e desta vez com um bando de garotos enxeridos. Nos meus tempos de garoto eu era fã do desenho original. E, agora, redescobri o desenho em uma das suas novas versões! Graças a pequenina daqui que ficou doente e quis pegar uns filmes para ver em casa neste periodo.
Estou falando de Scooby-Doo e sua nova série, Mistérios S.A., a décima primeira encarnação do cachorro medroso mais famoso da TV, e a primeira que não  estreou no tradicional Saturday Morning Cartoon Americano. Produzida pela Warner e pelo Cartoon Network, Mistérios S.A. reapresenta Scooby e companhia para um novo público.
Para os que vivem em Marte e não sabem de quem estou falando, aqui está a folha corrida:
Criado no no ano de 1969 por Iwao Takamoto, o desenho conta a história de  um grupo de quatro adolescentes metidos a detetives: Fred Jones, Velma Dinker, Daphne Blake e Salsicha Rogers, que juntos com um enorme cachorro dinamarquês falante, chamado Scooby-Doo, viajam numa van chamada Máquina de Mistério (com uma pintura psicodélica), e ajudam a investigar casos misteriosos nos mais variados locais: casas mal-assombradas, parques abandonados, pântanos e ilhas, ameaçados por fantasmas, múmias, monstros e terríveis vilões.
Os garotos seguem as pistas, fogem dos vilões e, muitas vezes, vêem-se perdidos em labirintos, passagens secretas e porões escuros. Em todos os desenhos, eles se dividem em dois grupos: Fred e Daphne vão por um lado, enquanto Salsicha e Scooby acompanham Velma, que, apesar da esperteza e inteligência, vive perdendo seus óculos e se metendo nas confusões de Salsicha e Scooby.
Os episódios seguem um padrão: depois de uma cena de perseguição sempre com uma interessante trilha sonora, e por meio de algum plano mirabolante com direito a uma armadilha de Fred, os vilões são pegos. Os malvados estão sempre mascarados e as suas identidades são reveladas quando retiram as máscaras. E o culpado é sempre alguém bem conhecido na história e cada vez que são descobertos, saem com esta: "Eu teria conseguido se não fossem por aqueles garotos intrometidos e esse cachorro idiota". Esse bordão (a tradução para a dublagem nacional quase sempre muda as palavras, criando variações das frases) faz parte de quase todos os desenhos e filmes realizados.

Uma passagem rápida com as principais séries do personagem:
Scooby-Doo, Onde Está Você? é a série original teve duas temporadas produzidas entre 1969-1971. De 1972 a 1974, Os Novos Filmes do Scooby-Doo, onde a turma encontrava estrelas do mundo pop e outros personagens Hanna-Barbera para solucionar mais mistérios: Os Globetrotters, Sonny & Cher, Don Knotts, Dick Van Dyke, A Família Addams, Batman e Robin, O Gordo e o Magro, Jeannie é um Gênio e Babu, Os Três Patetas… Quando possível, os próprios astros emprestavam suas vozes à versão desenho. Esta série era interessante, sempre ficava curioso para saber quem seria o convidado da vez.
E 1976, o grupo apareceu no Scooby-Doo-Dynomutt Show, apresentado com outro desenho: Dinamite, o Bionicão. Juntou-se à trupe de Scooby um primo seu, Scooby-Dão e a cadela Scooby-Dee. Confesso que gostava do Bionicão e do Falcão Azul.
De 1977 a 1980 Scooby-Doo apareceu em Os Ho-Ho Límpicos, juntamente com vários personagens Hanna-Barbera, divididos em três equipes e disputando competições olímpicas. Scooby-Doo é o representante da equipe dos "Assombrados". Maneiríssima! Era engraçado ver três equipes disputando alguns jogos só para duas pessoas…
Em 1979, Scooby ganhou um sobrinho: Scooby-Loo, uma versão menor, mas corajosa, tagarela e chata, do cão Scooby-Doo. Scooby, seu sobrinho e seus amigos humanos apareceram ainda em vários segmentos e aventuras por toda a década de 80. Chata para cacete!!O tal do Scooby-loo é um dos personagens mais chatos que já vi…
Entre 1988 e 1991 um novo show foi produzido: O Pequeno Scooby-Doo ("A Pup Named Scooby-Doo"). Seguindo a moda da época, os personagens voltaram para o jardim de infância… Revendo alguns episódios hoje, vejo que nem era ruim.
Em 2002,  sai o filme "Scooby-Doo - O filme", com o elenco: Matthew Lillard (Salsicha), Freddie Prinze Jr. (Fred), Sarah Michelle Gellar ("Buffy") (Daphne), Linda Cardellini (Velma) e Rowan Atkinson, o "Mr. Bean", que faz Mondavarious, o vilão da história, fraco…  seguido por Scooby-Doo 2 - Monstros à Solta (2004) mais fraco ainda... . Em 2009, o terceiro filme  Scooby-Doo! The Mystery Begins, foi lançado para comemorar os 40 anos do personagem. Com um elenco completamente novo (Robbie Amell como Fred, Hayley Kiyoko como Velma, Kate Melton como Daphne e Nick Palatas como Salsicha), o filme conta a história de como a Mistério S.A. foi formada. Dos filmes de carne e osso, este menos badalado foi o mais interessante.
Em outubro de 2002, foi lançado O que Há de Novo, Scooby Doo? (What's New Scooby Doo?). São episódios inéditos do cachorro medroso e sua trupe. A grande novidade fica por conta da Internet e o redesenho dos personagens que cometeu a heresia de eliminar o lenço de Fred e mudar a roupa da Daphne… Esta série ainda gerou alguns longas animados e diferente dos outros desenhos da trupe, os fantasmas, bruxas e aparições muitas vezes eram reais o que tirava a graça dos desenhos. Nos outras encarnações, sempre existiu um culpado de carne e osso… Para mim, esta direção tomada foi um grande erro, o barato da história era ter alguém real e com algum motivo (normalmente financeiro) por trás dos mistérios.
Em 2007 estreou no Cartoon Network o seriado Salsicha e Scooby Atrás das Pistas (Shaggy and Scooby-Doo Get a Clue). Nesta série, Salsicha e Scooby atuam sozinhos para ajudar o tio Albert Shaggleford contra o malvado Dr. Phybes, e, ao contrário das outras séries, essa segue uma seqüencia e não tem nada a ver com os anteriores além de pouquissima participação do restante da turma, sem falar que os desenhos desta vez são horrorosos…


Agora, que todo mundo já está devidamente apresentado, voltamos a programação normal e a Mistérios S.A. Assim como nas últimas versões do desenho, os personagens foram mais uma vez redesenhados, mas desta vez trazendo de volta as características originais sem cometer os erros das duas versões anteriores. Fred está com seu tradicional lenço no pescoço (o que proporciona algumas ótimas piadas). O trabalho de atualização dos traços do desenho foi muito bem feito e vai agradar em cheio os puristas como eu. Os fundos dos desenhos todos trabalhados no computador são mais realistas e sombrios como pede o século 21, o visual mais moderno e sério foge bastante das versões anteriores do desenho e busca inspiração nos episódios originais. Mas diferente das outras séries, Mistérios S.A usa o expediente de temporada que o americano está habituado, cada episódio tem a sua trama mas está tudo amarrado em um trama principal que vai se desenrolando por toda a temporada.
Um pouquinho da história agora, Fredrick "Fred" Jones, Jr., Daphne Blake, Velma Dinkley, Norville "Salsicha" Rogers, and Scooby-Doo formam uma equipe chamada Mistérios S.A., especializada em resolver mistérios na pequena cidade de Baia Crystal (em outras versões os personagens vinham de Coolsville). A cidade tem um passado de estranhos desaparecimentos e registros de fantasmas e monstros, o que lhe valeu a alcunha de “lugar mais assombrado da Terra”. Esta fama é explorada pelo turismo local, e algumas pessoas não ficam felizes com o sucesso dos jovens em resolver os mistérios e revelar os charlatões e embrulhões que estão por trás dos esquemas.
Mas nem tudo é suspense em Mistérios S.A., há tempo para o amor também... Pela primeira vez nos desenhos, a turma assume alguns relacionamentos, Daphne é declaradamente apaixonada por Fred que apesar de sentir da mesma forma não consegue assumir a sua paixão. E Velma e Salsicha estão namorando, o que provoca muito ciúme em Scooby-doo.
Além disto alguns personagens que já apareceram em outras versões voltam a dar a cara aqui, como Vicent Van Doido e as Hex Girls, uma banda de rock feminina.
Logo abaixo, alguns videos da turma para vocês curtirem e recurtirem se for o caso... E lembrando que o Beco do Crime agora está também no Facebook, você podem curtir aí do lado.




Divirtam-se! Quem gostou pode comprar clicando nas capas aí debaixo: 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Conheça a mais estonteante agente secreta

Estou atrasado, estou atrasado, disse o Coelho Branco, passando afobado por Alice.  O simpático personagem de Lewis Carroll é um ótimo exemplo do meu momento com o Beco do Crime. Mas não é sobre o Coelho o delito de hoje. E, sim sobre uma personagem que está meio esquecida: Modesty Blaise.  
A bela surgiu primeiro nos quadrinhos em 1963. Imaginada pelos ingleses Peter O'Donnell e Jim Holdaway, Modesty Blaise é uma jovem de inúmeros talentos com um misterioso passado criminoso.  Me lembro vagamente da personagem nas tirinhas de jornal, junto com Dick Tracy mas, confesso que nunca me chamou a atenção. Até que na minha mania de fuçar todas as estantes de livros que passo, achei um exemplar de Dente de Sabres, numa estante escondida embaixo da televisão da casa do meu avô. O livro já estava amarelado, capa quase caindo, mas tinha uma bela moça na capa, e por volta dos meus quinze anos, fiquei empolgado com o que poderia achar naquelas páginas ressecadas.
A história de Modesty Blaise começa em 1945: uma jovem sem nome escapa de um campo de refugiados em Kalyros, Grécia. Sem lembranças do seu passado, a pequena vagou pela mediterrâneo, oriente médio e norte da África após a 2ª Guerra, e aprendeu a sobreviver sozinha. Até fazer amizade com um outro refugiado, um velho professor de Budapest, Lob, que a educa e batiza de Modesty (o sobrenome Blaise, ela incorporou por conta própria). Com a morte de Lob, Modesty mais uma vez se vê sozinha, e, por obra do destino, termina por conquistar o controle de uma gangue criminosa no Tânger e a expande a nível internacional e a denomina “A rede”.
Durante esses anos negros, ela conhece o homem que mudaria sua vida, o inglês, Willie Garvin. Modesty salva Garvin de uma vida perdida e desesperada e acreditando no seu potencial, oferece a ele um emprego na Rede. Willie, agradecido, se torna o braço direito na organização e seu melhor amigo. Em todas as histórias fica bem claro que o relacionamento entre os dois é estritamente platônico, tanto que os dois se envolvem com outras pessoas durantes as histórias.
Modesty, inclusive, se casa com o James Turner, em Beirute, e consegue a nacionalidade britânica, mas o casamento termina de maneira trágica, com a morte de Turner em decorrência do alcoolismo… mas com o dinheiro da Rede e sua nova identidade, Blaise se muda para a Inglaterra, logo seguida por Garvin.
Mas os dois sentindo falta dos dias agitados da Rede, começam uma amizade com  Sir Gerald Tarrant, um alto oficial do Serviço Secreto Britânico e passam a viver inúmeras aventuras. E graças ao seu passado criminoso, Modesty consegue resolver inúmeras encrencas internacionais de maneira peculiar e com metodos não muito ortodoxos. Assim como em Dente de Sabre, o livro em que descobri a personagem, a trama do livro é a seguinte:
Karz é um lider militar mongol com um vasto exército de altamente treinados mercenários escondidos nas montanhas que cercam o afeganistão. O objetito de Karz é invadir e ocupar o Kwait (deve ter sido daqui que o Saddam roubou a idéia....) Mas, falando em idéias infelizes, o mongol resolve que Modesty Blaise e Willie Garvin são os nomes ideais para comandar duas tropas do seu imenso exército, apesar de saber que a dupla não está no mercado...
Enquanto isto, Sir Gerald Tarrant escuta rumores que inúmeros mercenários estão aceitando um misterioso contrato e sumindo da face da terra... O que acarreta o cruzamento de todas as histórias...
O passado de  Modesty é revelado durante suas inúmeras histórias, a personagem além dos quadrinhos, apareceu em vários livros (com vários escritores) e em alguns filmes.
Bela, jovem, sedutora, excelente lutadora, rica, com um passado misterioso, Modesty Blaise é uma excelente personagem para Hollywood que fica inventando Salts, e afins para Angelina Jolie… até hoje tudo que se conseguiu foram algumas adaptações capengas… apesar da versão da década de 60 ter a bela Monica Vitti no papel de Blaise. Nem mesmo o apoio de nomes como Tarantino e Neil Gaiman, que trabalhou em uma versão de roteiro, conseguiu levar o personagem de volta ao sucesso…
O fato é que Modesty Blaise é mais um personagem clássico que caminha a passos largos para a obscuridade, assim como Mandrake, Flash Gordon, Tarzan e outros, ou até que Hollywood resolva assassinar de vez, como fez com o Fantasma de Lee Falk, com o horroroso filme com o Billy Zane… Um verdadeira pena… Modesty Blaise merece muito mais….
Para quem gosta de relíquias, aí embaixo está o trailer da primeira versão do filme, com Monica Vitti.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cheiro de óleo diesel

Amigos meliantes, tem Delito novo no Beco do Crime. E caramba, acho que deste vez me superei! Consegui juntar no mesmo delito, Stephen King, filme B, anos 80 e rock and roll! Como? Com Maximum Overdrive.
Comboio do terror, como ficou conhecido aqui em Terra Brasilis, é a primeira e única incursão de King na direção (até agora). O filme é de 1986, vai tempo… e assisti pela primeira em VHS (é capaz de ter gente lendo isto aqui que não sabe nem do que se trata) alugado no videoclube, depois assisti em algumas sessões de terror das altas madrugadas, quando fiz a minha própria cópia em Vhs…
A trama é inspirada no conto Trucks, e começa quando a terra passa pela cauda de um cometa. Inexplicavelmente as máquinas começam a ganhar vida própria. Caixas eletrônicos chamam os clientes de babacas (nesta cena, o cliente é o próprio King, no seu momento Hitchcock), máquinas de refrigerantes cuspindo latinhas nas pessoas, facas elétricas atacando cozinheiros, pontes levadiças subindo sozinhas e causando o caos, carrinhos de controle remoto atacando cachorros, cortadores de gramas fora de controle...
Logo o espectador é levado para o Dixie Boy, uma furreca parada de caminhões perto do nada e próxima de lugar nenhum, mas na rota de grandes caminhões.
Os frequentadores e funcionários do local pouco a pouco começam a perceber que algo estranho está acontecendo. Vários caminhões começam a chegar e cercar o posto e o clima vai ficando opressivo.
A situação piora e quando os caminhões começam a exigir comida (os veículos querem ser abastecidos) os sobreviventes percebem que estão virando escravos de suas próprias criações e a única opção que se apresenta é a fuga para um outro local, uma ilha chamada Haven Island, a alguma distância da costa da Carolina do Norte, onde veículos e outras máquinas não são permitidos.
Quem assume o comando dos sobreviventes é Bill Robinson, interpretado por Emilio Estevez, o irmão sóbrio de Charlie Sheen. Com um carregamento de armas que estava escondido no porão do posto, a turma parte do Dixie Boy rumo a marina, mas são perseguidos por um monstruoso caminhão que tem uma cabeça do Duende Verde na frente (!) e liderava os caminhões no cerco a lanchonete.
O filme tem um ritmo intenso, e visto depois de um tempo, mostrou mais qualidades do que eu lembrava. É bem claro que um filme com este enredo não pode ser levado a sério, e com este espírito, vira uma grande diversão… Com um muito humor negro, a obra foge das premissas sombrias que costumamos encontrar nos trabalhos de King e tem um ar mais camp, não se sabe se proposital ou não, mas que funciona. E a trilha Sonora a cargo do AC/DC é um show parte, com direito a uma van da banda sendo destruída na ponte levadiça rebelde. Clásssicos como Who Made Who, You Shook Me All Night Long, e Hells Bells foram lançados nesta trilha

No elenco, além de Emilio Esteves (que teve uma carreira que também nunca decolou), temos alguns nomes interessantes, com Pat Hingle, o comissário Gordon dos Batmans de Tim Burton e Joel Schumacher e Yeardley Smith, a voz original de Lisa Simpson.

Outra ponto a se destacar, ainda não se falava em merchandising nesta época (pelo menos nos níveis de hoje) mas vários caminhões do cerco tinha marcas pintadas nas carrocerias, alguma bem conhecidas como Bic. Imaginem hoje quando não valeria esta inserção em um filme.
Por esta obra, King foi indicado ao prêmio Framboesa de Ouro e jurou nunca mais dirigir um filme novamente. Mas em uma entrevista mais recente, já reconsiderou e disse que pode tentar de novo. Talvez o mais sábio seja ficar nas participações especiais no estilo Hitchcock, é menos vergonhoso... O fato é que Maximum Overdrive fez a minha alegria em algumas madrugadas e de outros loucos fãs do King que conheço. Quem não conhece o filme, mas gosta de fortes emoções, pode correr atrás. Mas é melhor correr logo, hollywood já disse que pretende refilmar o filme, e como sempre é melhor esperar o pior destes remakes...
Aí está o trailer para vocês curtirem e um bonus: o clipe de who made who, do AC/DC com a cena de Stephen King no Caixa.