quarta-feira, 2 de março de 2016

Em manutenção

Heheh... Beco do crime de novo... Parece que estamos voltando a programação normal. Como falei lá no delito do Deadpool, li bastante coisa de quadrinhos. All new marvel, 52... Muita fumaça para pouco fogo. Descaracterização de personagens... Historinhas sem graças... Algumas artes bem bonitas mascarando roteiros rasos e preguiçosos (com algumas exceções como Hawkeye do Matt Fraction e David Aja). Mas li algumas coisas interessantes fora da Marvel e Dc. E é de uma dessas interessantes que falaremos neste delito: Maintenance de Jim Massey e Robbi Rodriguez, publicada lá fora pela Oni Press em 2007. 
Maintenance acompanha o dia a dia de Doug e Manny. E sabem aquela história de todo mundo reclamar do trabalho, do chefe, da secretaria, do boy? Doug e Manny neste ponto ganham de lavada. Os dois são faxineiros, mas não são os faxineiros típicos da Xerox ou Petrobras... Os dois são funcionários da TerroMax, inc, o maior e melhor laboratório maligno da atualidade (pelo menos nas propagandas...), responsável por abastecer os supervilões com raios mortais, mascotes demoníacas e outros produtos de uso impróprio por cidadãos normais e cumpridores da lei.
Na rotina da dupla estão monstros originários de lixo tóxico e reparos em máquinas do tempo que “vazam” realidades diferentes, cientistas loucos como chefes, um homem da caverna equipado com uma mochila a jato, cobradores alienígenas e a bela mocinha da recepção. Nesta louca série, outras obras de ficção científica são homenageadas e rendem grandes aventuras para os protagonistas. Sendo que 99% dessas aventuras são resultados da incompetência dos maléficos cientistas que deveriam gerir a TerroMax. Egocêntricos, convencidos e desconfiados, a trupe trabalha sob pressão e passa o tempo todo tentando se sabotar e provar que um é melhor que o outro. 
Como resultado Doug e Manny têm que lidar com um excêntrico homem-tubarão que atende pela singela alcunha de Punchy McCobra. Um misterioso gato zumbi que vive dentro da máquina de salgadinhos e outros estranhos absurdos. 
Da divertida night com o Punchy, quando a dupla leva o homem-tubarão para um barzinho para entender como funciona a humanidade (e a única referencia de Punchy é uma cópia em VHS de Porkys 2, reprisada a exaustão para o pobre coitado) a uma aventura pelos canos da TerroMax, no melhor estilo Viagem Fantástica, Doug e Manny fazem muito mais que o contrato de trabalho dos dois engloba. E ainda tem que administrar as fofocas e politicagens tão comuns a quem trabalha em uma empresa com grande número de funcionários. 
Os bravos faxineiros seguem a velha rotina de dois indivíduos que de repente se vêem em situações extremas. E logo conquistam a simpatia dos leitores. Enquanto Doug faz o tipo mais prático, pronto para resolver todos os problemas, Manny é o cara mais relaxado, sensível e apaixonado por Mendy, a recepcionista da firma. Mas incapaz de declarar seu amor, sempre conta com o apoio de Doug principalmente quando a moça é sequestrada por alienígenas e eles partem em um ousado resgatado com uma equipe muito louca. 
Com uma variedade de personagens carismáticos, como o já citado Punchy McCobra, o ingênuo homem-tubarão e o alienígena Karl, que caiu na terra e já está a trinta anos enrolando os cientistas para não perder a bocada na TerroMax, Massey e Rodriguez conseguiram criar um quadrinho descompromissado e simpático, perfeito para quem quer fugir das mega-sagas que parecem tomar contar das grandes casas (assunto já comentado antes, quando falamos de Blacksad. Muitas vezes, só queremos ler algo que traga um sorriso, uma gargalhada... Não precisamos combater uma invasão global todo dia.... E é isto que é Maintenance.

Todas as loucuras que Massey imagina encontram um belo contraponto no traço de Rodriguez. Com um trabalho limpo e expressivo, o ilustrador consegue levar o leitor para o universo asséptico dos laboratórios secretos, ao mesmo que vaza lixo tóxico aqui, uma realidade paralela acolá... Em uma série toda publicada em PB, a dupla consegue um resultado estupendo. Sem querer reinventar a roda, Maintenance faz o dever de casa direitinho e entrega o que promete. Com muito estilo e bom humor. E simplicidade e prazer. Um grande supresa.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

#peideiesaí


Amigos leitores, amigos não leitores... Eis que o Beco do Crime está de volta... (pelo menos tentando mais uma vez). E vamos lá. Depois da última passagem aqui pelo Beco, assisti, li e escutei muita coisa boa, muita coisa ruim (particularmente em quadrinhos: novos 52 e all new Marvel, tudo muito bem embrulhadinho mas com histórias bem fraquinhas, personagens irreconhecíveis e muitas vezes risíveis. Porém isso é papo para outro delito). Hoje vamos de cinema e Deadpool.
O mercenário mais tagarela dos quadrinhos ganhou seu filme solo. Depois de uma aparição vexaminosa em X-Men Origins: Wolverine, Deadpool mostrou que seu fator de cura realmente é sensacional e conseguiu a redenção naquela que talvez seja a melhor adaptação de uma história em quadrinhos para o cinema. E grande parte do público não faz a menor idéia de quem seja Wade Wilson. Então antes de falar do filme propriamente dito, vamos situar um pouco o personagens e ajudar aos desligados de plantão…

Wade Winston Wilson, ou Deadpool, foi criado pela dupla Rob Liefeld e Fabian Nicieza em 1991 e fez sua primeira aparição na revista Novos Mutantes, 98. O personagem foi pensado com uma paródia do DeathStroke (Exterminador) personagem da DC (Wade Wilson já é uma sacanagem com Slade Wilson), mas logo assumiu vida própria e se tornou um grande sucesso, muito maior que o homenageado…
Deadpool é completamente desfigurado e mentalmente instável, resultado do tratamento que lhe deu seus superpoderes (Wade sofria de cancer terminal). Falastrão, o personagem chegou a ser comparado com o Homem Aranha no começo da carreira, mas o estilo mais debochado, politicamente incorreto ao extremo e sem medo de zoar a si próprio, deixou bem claro que Deadpool teria vida própria.
Coadjuvante das histórias dos X-Men e Cable, Wade se especializou em roubar a cena e logo ganhou título próprio. Nestas séries, conhecemos um pouco mais do passado do personagens,  vimos seu escracho atingir níveis estratosféricos. E fomos apresentados a alguns personagens bem interessantes, como Outlaw (Inez Temple), Weasel, e Blind AL, uma senhora cega que Deadpool manteve como refem sem nunca explicar por que, uma relação bastante confusa, onde os papeis as vezes se misturavam. Os títulos de Wade nunca foram um grande sucesso de venda, mas sempre tiveram uma base sólida de fãs. E isto nos leva, enfim ao filme!

Deadpool só foi produzido graças a persistência de Ryan Reynolds, o cara sempre sonhou interpretar um personagem de quadrinhos, teve a primeira chance com o Lanterna Verde, mas o fracasso de crítica do filme não o deixou feliz. (E nenhum fã de quadrinhos, diga-se de passagem…) A chance de redenção apareceu com Origens: Wolverine, mas o Deadpool, amado pelos fãs, foi completamente descaracterizado (não consigo entender... adaptar alguma coisa faz parte, mas mexer em time que está ganhando é de uma burrice atroz). E as críticas choveram. Neste mundo conectado uma palavra mal colocada, pode azarar tudo... vide o Quarteto Fantástico de Josh Trank...
A saga para produzir Deadpool continuou em 2010, quando o roteiro apresentado por Rhett Reese e Paul Wernick, responsáveis pelo excepcional Zombieland, vazou na internet. As críticas de sites especializados em HQ’s e cinema e mais a movimentação dos fãs nas redes sociais, acendeu uma luz na FOX. Em 2104, a dupla, junto de Reynolds, gravou uma cena teste que vazou na internet (eles negam que sejam os responsáveis pelo vazamento – a cena é esse video aí embaixo), entretanto a aceitação incondicional da parte dos fãs levou a FOX a dar luz verde para o projeto, porém com um orçamento limitado. E o mais arriscado: liberdade total para Reynolds e companhia...



Este foi o pulo do gato, a trupe trouxe toda a irreverência, sarcasmo e violência para as telas. O tão falado recurso de romper a quarta parede (falar com a audiência) que Deadpool abusa nos quadrinhos também está presente no filme. Palavrões, sangue, sexo, tudo lá... piadas infames, humor negro. E uma censura para maiores de 18 anos nos estados unidos. E um sucesso total de crítica e público. Por quê???
A aposta da FOX se pagou, simplesmente porque respeitaram o personagem e entregaram o que os  fãs queriam. E usaram este fãs e a devoção ao personagem como instrumento de divulgação. Desde o inicio, a equipe soube usar o humor do personagem em piadas para divulgação do filme, isso foi aumentando o hype e a curiosidade sobre o que estava por vir. Somado ao carisma de Ryan, que trabalhou intensamente na divulgação, liberando videos, fotos e tudo que tinha direito em suas redes sociais, Deadpool tinha cheiro de um grande sucesso.

Uma história de origem, uma linda atriz, a brasileira Morena Baccarin, com pouca roupa (mas em ótima interpretação) e vamos a luta. O roteiro não é um primor, mas funciona redondo para história e o filme passa voando... Repleto de referências, trocadilhos, Deadpool brinca e sacaneia todo mundo, pouco se lixando para o que os outro vão pensar. A gozação começa na abertura e continua.. Wade zoa os x-men, laterna verde e tudo que passa na frente... Ainda bem. Blind Al está lá (mais uma vez morando com Wade e foco das zoações), Weasel está lá... uma ótima sacada para o nome do personagem (até então nunca tinha visto esta explicação... tá vendo dá para adaptar e evoluir... ) também está lá... As piadas continuam em um ritmo frenético, até durante os créditos finais. Sem querer estragar para quem ainda não assistiu as duas cenas pós-créditos são perfeitas, quem cresceu nos anos 80 vai matar na hora a referência.
Quem conhece o personagem dos quadrinhos vai enlouquecer com filme, quem nunca viu vai ficar revoltado com tanta baixaria... Foda-se! Este filme não é para você que não tem senso de humor... e não conhece Deadpool. Não é para você que gosta de filme iraniano com panorama de grama crescendo... Este filme é para o fã que quer se divertir e ver seu personagem respeitado. Simples assim. E como bem disse Wade Wilson: #peideiesaí

 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O teste de São Tomé

Para os descrentes, a prova está aqui. O Beco do Crime está voltando. Devagarinho, mas voltando. Este período longe rendeu bastante assunto. Tem muita coisa boa para aparecer ainda. Então vamos pegando o ritmo.
No último delito falamos de série, desta vez vamos de livros e sem muita enrolação, vamos de zumbis, super heróis, fim do mundo... Estamos falando de Ex-heroes, de Peter Clines.
Confesso que a primeira vez que vi o livro não me empolguei muito, a chamada x-men + zumbi, não ajudava. Porra... Marvel Zombies estava fresquinha na memória (por falar nisso, já deu, né marvel??)...
Mas o desenho da capa estava bem legal. Depois vi algumas matérias sobre o livro e o interesse aumentou um pouco. Uma pesquisa daqui, uma busca acolá, e descobri que o livro era o primeiro de uma série. Ânimo deu uma bela esfriada, estava com uma porrada de coisa para ler e começar uma nova série não estava nos meus planos. Mas, vi que o autor tinha um outro livro, 14, e de repente um teste para ver se valia a pena seguir adiante era legal.... Hehe...14 vai ficar para um próximo delito. O que importa agora é que Peter Clines foi aprovado. E é hora de Ex-heroes!


O livro começa em Los Angeles, em mundo assolado por zumbis. Até aí, mais do mesmo. Mas. Logo a coisa muda de figura. Na muralha de um complexo fortificado pousa um super-humano. E diferente do que estamos acostumados nos quadrinhos.
Sem uniforme de couro ou lycra, St. George usa uma jaqueta de couro e botas de caminhada, superforte e resistente, capaz de voar e soprar fogo, o herói, que já foi chamado de Might Dragon, se veste como uma pessoa normal, assim como todos os outros superhumanos do livro.
Clines procura colocar seus personagens com um pé na realidade por mais absurdo e extravagantes que sejam os poderes o mundo ao redor deles obedece as leis da física.
Quando St. George é arrastado pelo asfalto sua roupa rasga. Ao correr para saltar e alçar vôo, sua bota perde a sola. Seus óculos quebram...



Esta é a grande sacada que torna os ex-heroes de Clines mais simpáticos e críveis que os x-men de Brian Singer, por exemplo.
A trama não foge muito do tradicional filme de zumbis: sobreviventes sitiados e um bando de mortos-vivos na porta. Um outro grupo de sobreviventes querendo as armas e provisões... Blá blá blá...
No decorrer no livra vamos conhecendo os outros heróis, Gorgon, Zzzap, Stealth, Cerberus, Regenerator e outros, e suas histórias.
Com uma narrativa fragmentada, Clines mostra o surgimento dos heróis, um ano antes da epidemia zumbi se tornar incontrolável. Sem super ameaças a altura dos seus poderes, St. George e companhia se ocupam com traficantes, trombadinhas, ladrões de bancos e problemas mundanos como onde morar ou manter uma identidade secreta...
Até o surgimento do primeiro zumbi, ou ex-humano. Um pequeno problema que logo se alastra e enfim os heróis tem um desafio a altura. E história pega fogo.



Junto de um grupo de sobreviventes, os heróis tomam como um base um estúdio de cinema em Hollywood. Local com infraestrutura e fácil de fortificar e defender. Liderados pela misteriosa Stealth e por St. George, tentam levar uma vida normal da melhor maneira possível.



Até que um dos zumbis demonstra capacidade de se comunicar. E a relação sobreviventes x ex-humanos muda de patamar. A evolução dos mortos-vivos leva os heróis a questionarem tudo que sabiam até o momento.
E enquanto tentam entender o que está acontecendo, são surpreendidos por uma terrível revelação: a origem dos ex-humanos está muito mais próxima do que imaginavam... E terrível... Um segredo que pode destruir de vez a delicada estrutura que mantêm o grupo unido.
Clines deixa suas cartas escondidas e consegue levar o segredo até o fim com um ritmo frenético sem deixar o leitor respirar.
Apesar de seguir a cartilha do mestre George Romero, o autor consegue imprimir sua marca no universo dos zumbis.
Ex-heroes é uma grande leitura e uma agradável surpresa. Divertido e repleto de citações ao universo pop o livro é um prato cheio para os nerds de plantão e fãs do Beco do Crime.
Pronto... Próximo delito...

Em julgamento:
Lúcifer - quadrinho de Mike Carey que vai virar série de tv. Basicamente, Lúcifer encheu o saco do céu e inferno e decidiu criar seu próprio universo. Sem deuses ou demonios, onde a adoração a ídolos está proibida. A coisa não dá muito certo... Velhos pecados assombram a nova criação... 
Uma idéia muito interessante, mas a leitura é arrastada, apesar da arte não ser das minhas preferidas, o material final está muito bonito em especial as capas.

Princess of Mars - depois de ver o filme da Disney, resolvi ler o original de Edgar R. Burroughs, o pai do Tarzan. Achei o filme bem exagerado e a sensação que tinha era que estava muito distante do livro,  mas pelo que li até agora, a adaptação foi surpreendentemente fiel.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A volta dos que não foram

Depois de limpar as teias de aranha, espanar a poeira, faxina geral, o Beco do Crime está habitável novamente. Após um longo e tenebroso inverno, acho que chegou a hora de retomar a rotina aqui no blog.
Neste período que o Beco esteve parado muita coisa aconteceu, então o que não falta é delito novo para os apreciadores do blog. Nesta volta pretendo pegar leve. Motoqueiros, traficantes, armas, traições e muita violência (e sexo também, por que não?) Vamos de série de tv, vamos de Sons of Anarchy.
Sons of Anarchy estreou em 2008, atualmente está na sétima temporada, com a oitava confirmada. A série se passa na fictícia Charming, na California e é centrada nas histórias de Jackson “Jax” Teller (interpretado por Charlie Hunnam), vice presidente do clube de motoqueiros Sons of Anarchy Motorcycle Club, Redwood Original, ou SAMCRO. Cada temporada da série tem duas tramas que vão se cruzando ao longo do ano, a trama principal é centrada na vida de Jax e seus dramas enquanto tenta equilibrar seus deveres com o clube com seus interesses pessoais. A segunda mostra o dia a dia de SAMCRO, o tráfico de armas na parte oeste da California (principal fonte de renda para o grupo), os conflitos constantes com outras gangues e autoridades.


Ao longo da história, vamos conhecendo um pouco mais sobre os Sons, fundado por John Teller, o pai, e Clay Morrow, o padrasto de Jax. Como o clube desviou para o crime e como John pretendia salvar e limpar SAMCRO e Charming, até a morte interromper seus planos.
Esta morte não resolvida é um ponto de interrogação na história do clube e na vida de Jax e parte fundamental da trama da série.
Recheada de personagens fascinantes e de moral dúbia como Jax e Clay (Ron Perlman, o Hellboy) Sons foca nos relacionamentos e tem o grande mérito de dar pronfundidade a cada membro do clube. E desta forma descobrimos como funciona o grupo e suas motivações e como todos estão ligados a Jax e sua família.

Por falar em família, os Tellers são um caso a parte. Com a morte do pai, Jax é criado pelo padrasto, o presidente do clube. Uma relação conturbada e nem um pouco facilitada pela mãe, Gemma (Katey Sagal, a Peggy Bundy de Married with children). A matriarca comanda a família com mão de ferro, e trabalha nos bastidores do clube para valer sua vontade e demonstra um poder sobre os outros membros dos Sons. A atual mulher de Jax, Tara (Maggie Sif) mesmo contra sua vontade é envolvida nos problemas de SAMCRO e sua carreira em ascensão no hospital sofre as consequências.
Enquanto Tara e Gemma brigam pelo poder em casa, Jax e Clay disputam a liderança dos Sons e estes conflitos podem levar ao fim de SAMCRO.


Um sacada interessante da série é o visual de Jax, todos os membros do grupo usam e abusam do visual motoqueiros, jaquetas de couro, camisas pretas, tatuagens, botas... Jax, apesar da jaqueta preta, quase sempre está com uma camiseta branca imaculada com tênis também brancos. Um visual que o destaca dos outros e mostra que é o mocinho da história (não tão mocinho assim... O rapaz é tão violento quanto os outros).
Difícil falar de 7 anos de uma série sem revelar spoilers (não é do feitio do Beco estragar as surpresas), vou tentar ser o mais sucinto possível: Sons of Anarchy é foda! Primeira temporada começa meio devagar, eu mesmo fui e voltei várias vezes antes de embarcar de vez. Mas depois que engrena, o ritmo fica alucinante...
O grupo se envolve com o IRA e o sequestro de um dos bebês de Jax leva os Sons para a Irlanda e a uma verdadeira guerra. De volta aos EUA, passa uma temporada na prisão onde um dos membros morre em um luta sangrenta. (a série não dosa a violência, o sangue corre solto. Assassinatos brutais, torturas, tudo é mostrado sem filtro).
A morte de Oppie, seu melhor amigo e braço direito, faz Jax repensar suas prioridades e o leva buscar novos caminhos para o grupo. Briga com o IRA também diminuiu o lucro do clube, e Jax começa uma parceria com um estúdio de filmes pornô (o que faz a alegria dos outros Sons) na tentativa de conseguir uma nova fonte de renda. Construção, prostituição, SAMCRO coloca os pés em vários negócios nem todos legais, todos com problemas...
Com uma trilha sonora baseada em um rock de beira de estrada cheia de poeira, Sons of Anarchy é um prato cheio para quem além de boas histórias gosta de boa música. Destaque para Katey Sagal e Mark Boone Junior (o Bob Elvis da série) que além de atuar também participam da trilha.
Stephen King como Bachman
Sem falar na participação do tio King como um especialista em limpar cenas de crime. Bachman (personagem nomeado a partir do pseudônimo que King usou em vários dos seus livros) aparece para ajudar Gemma e Tig a se livrarem do corpo da enfermeira do pai de Gemma, morta por Tara (família complicada é isso aí...).

Sem mais enrolação, segue abertura da série e música e mais algumas coisinhas.


Bem vindos de volta ao Beco do Crime.
    
A Abertura

    
 Katey Sagal e Son of a preacher man

    
 Nem tudo é perfeito em Charming...

    
 Quando disse que a série era violenta...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Gato Preto na área

Muita coisa rolou, muita água passou debaixo da ponte e já passamos outubro, (e até novembro). Mês das crianças, halloween, bruxas e gatos pretos ficou para trás. Mas não dá para deixar passar em branco, aqui no Beco do Crime temos um gato preto especial. Quadrinho europeu de altíssimo nível, o delito da vez, trata de Blacksad.
Neste momento que vemos Guerra Civil, Blackest night, Crise final e afins , é uma grata surpresa encontrar uma hq voltada para o entretenimento. Sem querer ser mais  do que ninguém, sem querer ser a versão definitiva do momento deste ou daquele herói ou vilão, Blacksad entrega ao leitor algo que faz tempo que não via: uma ótima história!
Apesar de não ser tão recente (Blacksad já andou pelas bancas e livrarias da terra brasilis em um passado não tão distante) foi apenas agora que tive a oportunidade de ler a série completa. E, tive a comprovação do que já suspeitava a época, Blacksad é bom demais!
E agora, nas imortais palavras de Januário de Oliveira:  Taí o que você queria: John Blacksad é um gato negro, criado pelos espanhóis Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido e teve sua primeira história publicada no ano 2000.
Ambientado na américa, no fim dos anos 50, Blacksad tem todos os (bons) ingredientes de um filme noir, mulheres fatais, policiais corruptos, um herói durão e sem medo de usar violência quando necessário (ou der vontade).  Os personagens são animais antropomórficos os quais as espécies refletem as características de suas personalidades. Apesar de muitas vezes parecer um pouco óbvio, os autores usam estereótipos de forma (nem tantas vezes sutil) mas sempre corretas,  por exemplo, os policiais da série são todos caninos: Pastores Alemães,  Bloodhounds, e raposas. Enquanto os personagens do submundo são repteis ou anfíbios. Demonstrando muito cuidado com todo o material, as personagens femininas tem um visual muito mais humano que suas contrapartes masculinas, principalmente as que tem um papel mais importante ou envolvimento com um personagem relevante. 
O texto de Canales é redondo, muito bem amarrado, mas é a arte de Guarnido o ponto alto da série. A partir de aquarelas detalhadas, incluindo lugares reais, Guarnido consegue criar um clima realístico, ao mesmo tempo sujo e escuro, e perfeitamente integrado com os animais que estrelam a série.
Os principais personagens são:
John Blacksad – cabeça dura, explosivo, violento, Blacksad é um gato preto e típico detetive particular. Criado em um vizinhança pobre, o gato passou grande parte da sua juventude correndo da polícia, esta experiência, e o fato de ter servido na segunda guerra mundial, aprimoraram seu extinto de sobrevivência e habilidades de luta. Surpreendentemente, Blacksad passou um ano na universidade estudando história antes de ser expulso. Como todo bom detetive particular, narra suas próprias histórias com bastante cinismo e comentários críticos sobre o mundo a sua volta.
Weekly – Parceiro ocasional de Blacksad, Weekly é uma doninha com aversão a água e sabão. Otimista e fedorento, costuma trabalhar para um jornal chamado What’s new.
Smirnov – Comissário de polícia e um dos poucos amigos de Blacksad, Smirnov muitas vezes ajuda Blacksad a resolver seus casos, já que sozinho não poderia tocar nos altos escalões sem sofrer pressão “de cima”

Achei 4 volumes do gato:
Somewhere Within the Shadows
Neste primeiro, Blacksad investiga o assassinatode uma famosa atriz, Natalia Willford, com quem Blacsad já teve uma relacionamento.
Suspeitos aparecendo mortos, prisão indevida, uma surra inesperada, este livro tem todos os elementos dos clássicos noir. Poderosos se julgando acima da lei, capangas violentos (e burros), malandros e espertalhões, e um final brutal e politicamente incorreto (mas cheio de justiça). Um perfeito cartão de visitas para Blacksad. Parte disto saiu no Brasil, e foi isto que me chamou a atenção.

Arctic Nation
Enquanto o primeiro livro seguia uma linha mais criminal, neste volume já temos uma temática mais social. Blacksad se vê as voltas com o desaparecimento da jovem Kaylie. Em um subúrbio onde a recessão do pós-guerra parece interminável, Blacksad descobre que abaixo da superfície harmoniosa, existe um submundo de repressão, depravação e violência (e claro, muitos segredos comprometedores).  As margens da sociedade o grupo chamado Nação ártica promove a a segregação racial e mantêm um controle autoritário sobre a localidade. A ação chega ao ápice durante uma cerimonia nos moldes da Klu Klux Kan, que Blacksad detona pra resolver seu caso.
É, também, neste livro que somos apresentamos a Weekly, que depois de certa resistência de Blacksad se torna seu parceiro e um dos seu poucos amigos.

Red Soul
No terceiro volume, Blacksad está trabalhdo para  Hewitt Mandeline, um velho jabuti milionário e bon vivant que o arrasta para Las Vegas e na volta para casa a um vernissage onde encontra o Comissário Smirnov e sua família.
Em Red Soul, conhecemos um pouco mais do passado de Blacksad. Na mesma galeria onde encontrou a família Smirnov, ele toma conhecimento de uma palestra envolvendo um antigo professor, Otto Lieber, renomado físico nuclear e candidato ao Nobel.
Enquanto Artic Nation falava de conflitos sociais e econômicos a pegada aqui é mais política. O pano de fundo da história envolve corrida nuclear e ameaça comunista. Apesar dos assassinatos e todo o clima de suspense, pela primeira vez vemos um Blacksad mais contido, (e sensível) . O detetive começa um relacionamento (ilícito, é claro) com uma pacifista e logo está no centro de uma conspiração internacional.

A Silent Hell
Situado em New Orleans, e com jazz a todo volume, desta vez menos crítico e contestador que os dois volumes anteriores, este álbum segue a linha do primeiro, assassinato e muito mistério. Blacksad e Weekly são contratados pelo famoso e bem sucedido produtor Faust LaChapelle para encontrar seu melhor músico, Sebastian “little hand” Fletcher. Faust teme que o vício em heroína de Sebastian pode  te algo a ver com seu desaparecimento.
Músicas roubadas, tráfico de drogas, velhos segredos, voodoo, tudo que se espera encontrar em New Orleans está neste livro, além de um Blacksad, violento e disposto a resolver o seu caso a qualquer custo.
 
Como disse lá no começo do delito, descobri Blacksad durante uma fase que comprava tudo que encontrava de quadrinhos em banca de jornal. Logo depois o gato desapareceu do mercado nacional e ficou esquecido na minha prateleira. Até que tive que mudar e organizar meus livros, quando reencontrei as revistas. E uma coisa leva a outra, busquei os outros álbuns e não me arrependi...
Quem gosta de um bom quadrinho, de uma boa história, com boas referências, tem um prato cheio na mão.  Vale muito a pena.

Em julgamento:
Psych – comédia rápida e sem compromisso, traz as aventuras de Shawn Spencer, que desde criança foi treinado por seu pai, oficial de policial, para ser um super detetive. Rebelde e descompromissado, Shawn não se interessou em seguir carreira, mas começa a ajudar a polícia de Santa Bárbara, fingindo ser médium e usando as técnicas que aprendeu com seu pai. Com a ajuda do seu inseparável amigo de infância, Burton Guster, Shawn desvenda os mais difíceis casos enquanto tenta se “enroscar” com a detetive Juliet.

Bones – série policial na linha parceiros diferentes que não se entendem. No caso um agente do FBI, durão e cheio de instintos que começa a trabalhar com uma antropóloga forense para resolver casos mais bizarros a partir da identificação de ossadas. Um pouco de CSI, muito de tecnologia nas resolução dos mistérios, mas o grande barato da série é a relação entre o agente Seeley Booth e a doutora Temperance Brennan, ou Bones, como é chamada pelo parceiro. A antropóloga é toda razão e fatos, e se mostra (até certo ponto) incapaz de mostrar emoção no seu dia a dia, ao contrário do parceiro. Além disto, Bones demonstra um distanciamento dos fatos atuais e cultura pop que rendem ótimas piadas quando Booth a “sacaneia”.

Indiciados
Xmen – first class – atrasadão, mas até agora ainda não assisti ao último filme. Depois de Thor, Man of steel, capitão américa, deu vontade de ver este também.
Rachel Rising – quadrinhos de vampiro, descoberto por acaso e de autoria de Terry Morre
Cuckoo’s Calling – escrita por J.K Rowling sob um pseudônimo, e o fato de ser um suspense, me despertaram a curiosidade.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filho de peixe, peixinho é?

Papai King e Joseph Hillstron King
Nesta volta ao Beco do Crime, vou tentar algo diferente. Até para conseguir vir aqui mais vezes, pretendo simplificar um pouco os delitos... quer saber... vou nada... o que me diverte é escrever e passar as informações completas e minhas opiniões todas... se começar a falar menos perde a graça... Dito isto, vamos ao que interessa...
Em todas as áreas existem filhos que querem seguir os passos dos pais. E pais que querem que os filhos ocupem seus lugares... Esta relação nem sempre é garantia de sucesso, na verdade, os exemplos de filhos que não conseguem chegar aos pés dos pais são inúmeros. Nos esportes temos um monte, o mais emblemático talvez seja do próprio Pelé. Seu filho resolveu ser jogador também, mas diferente do pai, quis ser goleiro, sem problema... o cara quase chegou  aos mil gols também... hehe... Na formula 1, dois casos distintos, os britânicos Graham Hill e seu filho Damon, que foi campeão do mundo e tricampeão brasileiro Nelson Piquet, que não conseguiu emplacar o seu filho Nelsinho. No cinema temos vários outros, e nesta área o sucesso da família já é mais comum, só para citar alguns temos Kirk e Michael Douglas e Toni Curtis e Jamie Lee Curtis entre outros...
Até mesmo nos quadrinhos temos alguns como a família Kubert com Joe e seus filhos Adam e Andy e John Romita e John Romita jr, veteranos desenhistas do Homem Aranha.
Mas e na literatura? Tirando a nacional família Veríssimo, o único outro nome que me vem a cabeça são os Kings. Quem? Ele mesmo, Stephen King e seu filho Joseph Hillstrom King, ou simplesmente Joe Hill.
Mas, e aí? Ser filho de um dos maiores escritores vivos e mestre do horror, deveria ser para deixar qualquer um nervoso, certo? E se você quer ser escritor, sabiamente, escolheria outro gênero para trabalhar... Hill, espertamente, optou por começar sua carreira sem o sobrenome King. E somente depois de bem estabelecido, revelou ser filho de Stephen King.
Historinha muito bonita, funciona otimamente para os marqueteiros das editoras (está aí a J.K Rowling que não me deixa mentir – mas isto é caso para outro delito), porém a pergunta de um milhão de dólares é: o cara tem talento?
Sim. E podia terminar por aqui... Mas não vou fazer isto com vocês...
Li os três livros do cara, Fantasmas do século XX, Estrada da noite e O pacto, além dos três primeiros volumes da série em quadrinhos Locke & Key. Deste material, Fantasmas do século XX é um livro de contos, e apesar de alguma coisa interessante, é o mais fraco de todos (o que não quer dizer que seja ruim). O fato que é que Estrada da Noite e O pacto são muito bons!
O Pacto ainda vai gerar muito burburinho por aí, pois está virando filme com Daniel Radcliffe, o Harry Potter, no papel de Ig Perish, um rapaz que um dia acorda e descobre que está crescendo chifres em sua cabeça (não pensem besteira, a namorada de Igg foi assassinada). Junto com os chifres, Ig ganha alguns poderes sobrenaturais, como a capacidade de ler mentes e fazer as pessoas revelarem seus mais escuros segredos. E a oportunidade de descobrir o assassino de seu namorada. Ainda fiquei com algumas restrições quando vi o título em português, o original Horns é muito mais expressivo, mas depois pensando bem, vi que um livro intitulado Chifrudo não teria muita chance de sucesso por aqui...
O fato é que a obra é muito bem escrita, cheia de ação e com um grande humor negro. O pacto mostra que Hill aprendeu direitinho as lições de papai King.
Locke & Key é muito legal, tem ótimos desenhos e uma trama interessante. Depois do assassinato do seu pai, os irmãos Locke,  Tyler, Kinsey e Body se mudam junto com a mãe para a antiga casa da família, a mansão Keyhouse. Cheia de mistérios, a casa é uma atração para os garotos que logo começam a achar algumas chaves especiais que liberam incríveis poderes, como a capacidade de retirar as memórias da cabeça de uma pessoa, transformar pessoas em fantasmas entre outros... Mas os jovens descobrem que não são os únicos a procura das chaves, um demônio conhecido como Dodge está em busca de uma chave muito especial e sabe muito sobre o passado do patriarca da família Locke. Por ser uma história em quadrinhos, todas as viagens de Hill se tornam realidade nos traços do artista Gabriel Rodrigues. Quadrinhos de primeira.
Todavia (enfim consegui usar esta palavra!) na minha modesta opinião, a Estrada da Noite é o melhor dos livros de Joseph Hillstrom. Uma história de fantasmas de primeira!
A trama é a seguinte: Roqueiro das antigas, Judas Coyne está aposentado e agora passa o tempo colecionando artefatos mórbidos, como a confissão de uma bruxa, um filme snuff e sua última aquisição, o terno de um morto! O roqueiro é informado que o espírito do morto está diretamente ligado ao traje e vai junto não importa para onde o terno vá. Para Judas, a chance de comprar o terno e de quebra um poltergeist é irresistível.
A roupa chega em uma caixa com formato de coração (Heart-shaped box, o título original do livro) e logo uma série de ocorrências estranhas deixam em Judas a impressão de que o fantasmas é mais perigoso do que pensava e quer matar o roqueiro e sua entourage...
Quando Danny Wooten, seu assistente, descobre que está em perigo e pede demissão, Judas resolve investigar mais sobre o terno e o fantasma. E aí, que a história esquenta, o fantasma se chama Craddock Mcdermott e era o padrasto de uma garota que Judas namorou por um tempo. Florida (Judas renomeava todas suas namoradas com nomes de seus estados de origem, depois de Florida veio Georgia) se matou e o padrasto (ou fantasma do padrasto) quer vingança por achar que Judas é o responsável pela morte da menina.
E a partir daí o livro pega fogo! Judas e Georgia descobrem que o velho músico não tem culpa nenhuma do suicídio de Florida, pelo contrário, a menina tinha uma história traumática  e conturbada com seu padrasto e Judas foi uma das poucas pessoas a tentar ajuda-la.
A família de Florida, irmã e padrasto, é responsável pelo suicídio. Craddock era um filho da puta (desculpem meu francês) que abusava das filhas e tinha uma queda para o ocultismo, e com isto consegue "amarrar" sua alma ao terno. A medida de que Judas e Georgia avançam em sua investigação descobrem que existem muito mais esqueletos no armário dos Mcdermott.
Batalhas sobrenaturais, poltergeists, sangue, violência... Joe Hill usa de tudo e mais um pouco para entregar ao leitor um livro sensacional. Quem gosta de história de fantasma vai ficar assombrado (desculpem o trocadilho, não resisti...) com Estrada da Noite.
Joseph Hillstrom King prova que o talento, neste caso, veio de berço... Agora é esperar para ler o novo dele, NOS4a2.

Vou começar uma tradição aqui no Beco, vou falar rapidamente do que estou lendo ou assistindo e o que está na fila.
Em julgamento: X-factor de Peter David, depois de um bom tempo sem ler quadrinhos tradicional, ler as histórias de Madroxx e companhia tem sido bem relaxante.
Hemlock Grove, o livro até agora está interessante. Suspense muito bem escrito. Quando terminar pretendo assistir ao restante da série, o primeiro episódio foi muito bom.
The good guys, série com Colin Hanks e Bradley Whitford, clássica tira certinho-tira doidão, vale uma olhada pela química dos personagens e pela gracinha da Jenny Wade no papel de Liz Traynor. Colin Hanks é filho de Tom Hanks (outro exemplo de família no mesmo ramo para encerrar o delito de hoje)

quinta-feira, 14 de março de 2013

I's justified.

Bom, tudo pode ser justificado. Posso dar várias razões para o atraso do Beco, sumiço do Beco, abandono no Beco, mas nas sábias palavras de Raylan Givens, I's justified! Gostei disto!
Alguém aí sabe quem é Raylan Givens? Como não? Tá legal, vou desculpar vocês, e dizer quem é, afinal o Beco do Crime está aqui para isto mesmo… Raylan Givens é filho do escritor norte-americano Elmore Leonard (na verdade ele é filho de Arlo Givens, mas como Leonard criou os dois….), apareceu primeiro no livro Pronto e depois em Rinding the rap e no mais recente, Raylan Givens. Assim como Karen Sisco e Jack Foley, outros personagens de Leonard, Raylan, volta e meia é citado nos outros livros do autor. Conheci o Raylan em Pronto, e apesar de achar o livro interessante (mas com sérios problemas na tradução), não me liguei muito no personagem de cara. Mas depois de ler outros livros de Leonard, a presença de Raylan nos fundos me deixou curioso. Quando comecei a assistir Justified, sabia que conhecia aquele nome de algum lugar, com a ajuda preciosa de Larry Page e Sergey Brin, finalmente, consegui ligar o nome a pessoa.
A série desenvolvida pelo FX, me ganhou logo de cara: começa com um tiroteio na cobertura de um hotel em Miami (tá lá no video no fim do delito). E Justified pega o gancho deixado em Pronto, Rylan confronta um suspeito e passa fogo nele depois de dizer que tinha avisado antes e que ele não soube usar as 24 horas para sumir como sugerido. Quando perguntado sobre o tiroteio, Raylan responde: It’s Justified. (não consigo uma tradução legal!).
Raylan e Ava Crowder
Como punição pela confusão, Raylan é realocado de Miami para Kentucky, e o condado de Harlan, sua terra natal, de onde saiu com a intenção de nunca mais voltar. E e aí que entramos na história e conhecemos mesmo Raylan Givens. Interpretado por Timothy Olyphant, Givens ganha cara e um arrastado sotaque caipira. Além de um cinismo e humor negro de primeira. Raylan é um delegado federal com um estranho senso de honra, apesar de honesto, o agente não se incomada em usar de violência, ameaçar os suspeitos e mentir para solucionar seus casos. Sem falar que não se incomoda em usar sua arma, e como deixa claro várias vezes, se tiver que sacar, vai atirar para matar! O que rende grandes momentos nos episódios, como quando atira no próprio pai, um criminoso costumaz. Com um inseparável chapéu Stetson 'Open Road' (outro motivos para boas piadas), Raylan cultiva um visual de cowboy moderno, completamente fora de sintonia nas grandes cidades, mas perfeito para Harlan e cercanias.
Winona Hawkins, ex esposa de Raylan
Mas uma série não é feita só de um personagem, mas de vários personagens coadjuvantes de primeira, sem falar nas belas mocinhas que Raylan vai passando o rodo no decorrer da série (muito machista?) nesta areas se destacam Ava Crowder (a bela Joelle Carter), esposa do criminoso Bowman Crowder (morto pela própria Ava, em legítima defesa, que fique claro) e Winona Hawkins (a loirinha Natalie Zea) ex esposa de Raylan e ainda apaixonada por ele. Na ala dos cuecas temos Art Mullen (Nick Searcy), chefe de Raylan e muitas vezes coniventes com os arroubos de seu delegado. Mas os grandes destaques nesta ala são mesmo, Boyd Crowder (vivido por um inspirado Walter Goggins), que também leva um tiro de Raylan (logo na primeira temporada) e o atormentado e psicótico Dickie Bennet (um Jeremy Davies magistral). 
Ava e Boyd Crowder
Além dos personagens bem desenvolvidos e carismáticos, a série mostra um lado dos Estados Unidos pouco conhecido por aqui, assim como True Blood e sua Lousiana, Justified retrata um lado rural e muitas vezes duro dos EUA, sem estereotipar, vemos o Estados Unidos country de uma maneira realista e surpreendente para quem está acostumado com series sempre em Nova York ou Los Angeles. Justified já está na quarta temporada e ainda vem agradando ao público e crítica. E parece que vai continuar no ar por mais algum tempo! Que nossa temporada em Kentucky ainda dure bastante tempo. Para não perder o hábito segue o trailer da primeira temporada, aqui já dá para ter uma boa idéia de quem é Raylan Givens (o tiroteio de miami está aí!):

 e uma série de tiroteios com Raylan: