domingo, 14 de março de 2010

Neil Gaiman é meu pastor e nada me faltará...

Nem tudo é festa, mas se você é atropelado por um trem, a culpa é sua de ter pulado no trilho... Mas, vou deixar a lamentação para outra hora e vamos logo ao que interessa. Quero aproveitar que estou pegando um bom ritmo e trazer logo um novo delito para os fãs.
Em crimes passados, já falei um pouco de Warren Ellis, e esculhambei o Alan Moore (de leve, ainda pretendo fazer isto com mais firmeza). Agora, chega a hora de falar um pouco de Neil Gaiman.
Acabei de ler o novo livro do inglês, O Livro do Cemitério. E o que achei? Bem... antes vou contar a vocês quem é Neil Gaiman e porque ele merece um espaço no Beco do Crime.
Neil Gaiman é inglês (óóó... tá certo que já disse isto lá em cima, mas sou que estou contando a história, então...) e hoje mora no Estados Unidos, em Minneapolis, isto prova porque ele é tão peculiar... Seu começo como escritor foi difícil, recusado por vários editores, Gaiman adotou o jornalismo como meio de vida, pensando que assim conseguiria fazer networking (palavra da moda para os marqueteiros de plantão) e mais tarde conseguir publicar seus textos.
Seu primeiro livro veio destas conexões, uma biografia da banda Duran Duran, seguido por Don't Panic: The Official Hitchhikers Guide to the Galaxy Companion, sobre a obra genial de Douglas Adams, O mochileiro das galáxias (bom tema para um delito, podem me cobrar).
Logo fez amizade com Alan Moore e passou a escrever quadrinhos. Na companhia do ilustrador Dave McKean, seu colaborador mais freqüente, Gaiman produziu pequenas jóias, com Violent Cases e Signal to Noise. O sucesso destes álbuns o levou a DC comics e àquele personagem que seria um divisor de águas em sua carreira, Sandman. Até então, um personagem de segundo escalão, ignorado por muitos. Mas que cai nas mãos de Gaiman, junto com uma carta branca par fazer o que bem entendesse. A série narra as aventuras de Morpheus, a personificação do sonho. E com os textos do inglês e ilustrações de variados artistas se tornou um fenômeno pop inexplicável, arrebanhando fãs ardorosos e foi uma das séries responsável por tornar os quadrinhos respeitáveis aos olhos do grande público. Sandman começou em 1988 e terminou em 1996, quando Gaiman anunciou simplesmente que a história que começou na primeira edição havia terminado seu curso natural. E transformou para a sempre a carreira de Gaiman e a relação do mundo com os quadrinhos.
Este sucesso permitiu que Gaiman embarcasse para outras águas e publicasse livros como Deuses Americanos, Coraline e Os lobos dentro das paredes (pausa para os comerciais: Os lobos, na versão nacional, tem tradução deste famigerado Gênio do Crime que vos escreve. E... de volta a programação normal). Assim como fez com Sandman, o autor usa e abusa de sua imaginação, sem o menor medo de parecer ridículo ou louco. A grande diferença para nós, loucos terrenos, é a capacidade de transformar esta loucura em algo com sentido e atrativo.
Com uma carreira literária consolidada, vários prêmios e reconhecimento da crítica, falta a Gaiman apenas uma coisa para se tornar um verdadeiro sucesso pop, um filme em hollywood decente de sua obra, Stardust e Coraline são bons filmes, mas não são “os sucessos” que poderiam ter sido. Sua série para TV, Neverwhere também ficou devendo neste quesito. Ele mesmo já dirigiu um filme, Mirrormask e roterizou o recente Beowulf, sem grandes comemorações.
E agora que já vocês conhecem um pouco de Neil Gaiman, vamos a O Livro do Cemitério.
A trama começa quando uma família é impiedosamente assassinada por um misterioso homem chamado Jack e um bebê resolve escapar de seu berço e se aventurar pelo mundo. Uma série de coincidências, aliada a uma grande dose de sorte salva o pequeno de ter um destino tão trágico quanto o de sua família.
Com um começo sombrio e violento, diferente do seu habitual o escritor inglês provoca arrepios no leitor. A história do bebê sortudo e fujão continua quando ele chega a rua e sobe a colina em direção ao velho cemitério. Mas é perseguido pelo assassino de seus familiares, o homem chamado Jack (este é nome do personagem). Já dentro do cemitério o neném conhece os habitantes do local. Fantasmas de outras épocas que vivem em suas covas e mausoléus, e que por circunstâncias do destino são forçados a adotar e batizar o bebê, agora chamado de Ninguém Owens, para salvá-lo do seu perseguidor.
Ninguém passa a viver no cemitério da colina, adotado por um simpático casal de fantasmas e amado pelos outros moradores do lugar. Um desses moradores, o misterioso Silas, assume a responsabilidade de ser o guardião do garoto. Sendo o único vivo que mora no cemitério, apesar dos seus hábitos nortunos e habilidades fantásticas, ele é o responsável por trazer comida, livros e tudo que o garoto precisa do mundo terreno “normal”.
Com ternura e talento, Gaiman narra as aventuras de Ninguém pelos caminhos do cemitério. Entre lápides e covas, junto a velhos fantasmas, almas penadas e até mesmo uma feiticeira enforcada, o leitor vai acompanhado o crescimento de Nim, desde um pequeno bebê, até um jovem adolescente. Gaiman ainda encontra espaço para trazer uma amiga de fora do cemitério para Ninguém. Entretanto mesmo depois de todo este tempo, a sombra do seu perseguidor ainda paira sobre o jovem. E o destino caminha para um embate final entre os dois, quando o Ninguém vai descobrir muito mais do que esperava sobre o mundo e as pessoas.
Assim como já fez em Coraline e Os lobos dentro das paredes, Neil Gaiman cria um mundo fantástico e fascinante dentro de um pequeno cemitério, a fantasia impera e sua imaginação parece não ter limites. Ninguém e seus companheiros de cemitério são personagens adoráveis e mesmo os mortos são cheios de vida e alegria como raramente se acha em outros livros. Até mesmo o homem chamado Jack.
Novamente com o acompanhamento de luxo das belas (e sombrias) ilustrações de seu velho colaborador Dave Mckean, o autor traz para o leitor um livro estupendo. E fica claro porque é um dos mais badalados escritor da atualidade. Com toda justiça.
Sou um leitor voraz, e há muito tempo não lia um livro tão simples e ao mesmo tempo tão bom. A leitura é rápida e repleta de referências que você pode se divertir tentando descobrir.
Aqui o site internacional do livro: www.thegraveyardbook.com
Aí embaixo você encontra as muambas do Beco, quem quiser ler mais algum coisa de Neil Gaiman, pode escolher entre as várias sugestões, enquanto espera o lançamento de O livro do Cemitério. E eu fico na torcida para que usem a capa aí de cima.

sábado, 6 de março de 2010

O morcegão

Sem desculpas desta vez e pouca enrolação. E desta vez, vamos direto ao que interessa. O pessoal que freqüenta o Beco do Crime sabe que sou fã de desenhos. Então já estava na hora de falar deles novamente. Há muito tempo vinha esperando uma chance de falar desta obra, afinal foi o desenho que mudou o conceito dos desenhos de super heróis.
Durante muitos anos o público ficou a acostumado a ver os super heróis como personagens para crianças pequenas, as séries Superamigos, Batman e Robin, e Homem aranha e seus amigos eram ingênuas, com tramas simples e óbvias. Mas tudo mudou quando em 1992 (parece que foi ontem...) a Warner lançou Batman: the animated Series! Inspirada em parte nos quadrinhos de Frank Miller (O cavaleiro das trevas – caraça! Quem ainda não leu? Aproveita para comprar aí embaixo) e no visual atemporal dos filmes de Tim Burton e um estilo todo próprio com influências noir a série logo se tornou um sucesso. E até hoje de lembrada e adorada pelos fãs.
Voltado para um público mais adulto (ou assumindo que a garotada não era mais a mesma) o desenho foi o primeiro em anos a mostrar armas de fogo sendo disparadas, durante muito tempo só se mostrava raios-laser (mas apenas uma pessoa foi ferida, o Comissário Gordon no episódio “I am the night). Agora o Batman descia o cacete nos bandidos, e eles sangravam (uhu!), nada de pá, pum, e bandido voando... a coisa, enfim, era para valer!
A série foi aclamada pela qualidade da animação e pelos roteiros adultos. Milhões de fãs com idades variadas adoravam as história sofisticadas, com um visual requintado e um tom psicológico até então nunca visto nos cartoons.
Com um elenco excepcional de dublagem, a série tem como chamariz a presença de Mark Hamill (o Luke Skywalker!!) como o Coringa!
A grande sacada da série foi repaginar personagens clássicos, mantendo que tinham de melhor e dando a eles um novo enfoque, muito mais dramático! Sem falar dos novos designs dos personagens e do tom sombrio, e a mudança sutil mas definitiva, Batman sai das ruas e sobe aos telhados. A câmera sai do nível do chão e passa a acompanhar o Morcegão do alto dos prédios de Gotham City!
Para os fãs do quadrinhos, a grande maioria do personagens deu as caras na TV, desde de os óbvios, Batman, Alfred, Comissário Gordon, Coringa, como os menos badalados, Rupert Thorne, Duas Caras, Charada, Bulock, Vicky Vale e muitos outros...
A série foi um sucesso tão grande que gerou inúmeros longa metragens e inspirou outras séries de sucesso da DC Comics, como Superman e Liga da Justiça.
E depois disto os superheróis nunca mais foram os mesmo!
Veja a abertura:


O site oficial:
http://www2.warnerbros.com/warnervideo/classiccartoons/batman.html

e suas muambas do beco, quem quiser comprar pode clicar nas imagens aí embaixo e fazer a festa, aproveitem: