terça-feira, 22 de setembro de 2015

O teste de São Tomé

Para os descrentes, a prova está aqui. O Beco do Crime está voltando. Devagarinho, mas voltando. Este período longe rendeu bastante assunto. Tem muita coisa boa para aparecer ainda. Então vamos pegando o ritmo.
No último delito falamos de série, desta vez vamos de livros e sem muita enrolação, vamos de zumbis, super heróis, fim do mundo... Estamos falando de Ex-heroes, de Peter Clines.
Confesso que a primeira vez que vi o livro não me empolguei muito, a chamada x-men + zumbi, não ajudava. Porra... Marvel Zombies estava fresquinha na memória (por falar nisso, já deu, né marvel??)...
Mas o desenho da capa estava bem legal. Depois vi algumas matérias sobre o livro e o interesse aumentou um pouco. Uma pesquisa daqui, uma busca acolá, e descobri que o livro era o primeiro de uma série. Ânimo deu uma bela esfriada, estava com uma porrada de coisa para ler e começar uma nova série não estava nos meus planos. Mas, vi que o autor tinha um outro livro, 14, e de repente um teste para ver se valia a pena seguir adiante era legal.... Hehe...14 vai ficar para um próximo delito. O que importa agora é que Peter Clines foi aprovado. E é hora de Ex-heroes!


O livro começa em Los Angeles, em mundo assolado por zumbis. Até aí, mais do mesmo. Mas. Logo a coisa muda de figura. Na muralha de um complexo fortificado pousa um super-humano. E diferente do que estamos acostumados nos quadrinhos.
Sem uniforme de couro ou lycra, St. George usa uma jaqueta de couro e botas de caminhada, superforte e resistente, capaz de voar e soprar fogo, o herói, que já foi chamado de Might Dragon, se veste como uma pessoa normal, assim como todos os outros superhumanos do livro.
Clines procura colocar seus personagens com um pé na realidade por mais absurdo e extravagantes que sejam os poderes o mundo ao redor deles obedece as leis da física.
Quando St. George é arrastado pelo asfalto sua roupa rasga. Ao correr para saltar e alçar vôo, sua bota perde a sola. Seus óculos quebram...



Esta é a grande sacada que torna os ex-heroes de Clines mais simpáticos e críveis que os x-men de Brian Singer, por exemplo.
A trama não foge muito do tradicional filme de zumbis: sobreviventes sitiados e um bando de mortos-vivos na porta. Um outro grupo de sobreviventes querendo as armas e provisões... Blá blá blá...
No decorrer no livra vamos conhecendo os outros heróis, Gorgon, Zzzap, Stealth, Cerberus, Regenerator e outros, e suas histórias.
Com uma narrativa fragmentada, Clines mostra o surgimento dos heróis, um ano antes da epidemia zumbi se tornar incontrolável. Sem super ameaças a altura dos seus poderes, St. George e companhia se ocupam com traficantes, trombadinhas, ladrões de bancos e problemas mundanos como onde morar ou manter uma identidade secreta...
Até o surgimento do primeiro zumbi, ou ex-humano. Um pequeno problema que logo se alastra e enfim os heróis tem um desafio a altura. E história pega fogo.



Junto de um grupo de sobreviventes, os heróis tomam como um base um estúdio de cinema em Hollywood. Local com infraestrutura e fácil de fortificar e defender. Liderados pela misteriosa Stealth e por St. George, tentam levar uma vida normal da melhor maneira possível.



Até que um dos zumbis demonstra capacidade de se comunicar. E a relação sobreviventes x ex-humanos muda de patamar. A evolução dos mortos-vivos leva os heróis a questionarem tudo que sabiam até o momento.
E enquanto tentam entender o que está acontecendo, são surpreendidos por uma terrível revelação: a origem dos ex-humanos está muito mais próxima do que imaginavam... E terrível... Um segredo que pode destruir de vez a delicada estrutura que mantêm o grupo unido.
Clines deixa suas cartas escondidas e consegue levar o segredo até o fim com um ritmo frenético sem deixar o leitor respirar.
Apesar de seguir a cartilha do mestre George Romero, o autor consegue imprimir sua marca no universo dos zumbis.
Ex-heroes é uma grande leitura e uma agradável surpresa. Divertido e repleto de citações ao universo pop o livro é um prato cheio para os nerds de plantão e fãs do Beco do Crime.
Pronto... Próximo delito...

Em julgamento:
Lúcifer - quadrinho de Mike Carey que vai virar série de tv. Basicamente, Lúcifer encheu o saco do céu e inferno e decidiu criar seu próprio universo. Sem deuses ou demonios, onde a adoração a ídolos está proibida. A coisa não dá muito certo... Velhos pecados assombram a nova criação... 
Uma idéia muito interessante, mas a leitura é arrastada, apesar da arte não ser das minhas preferidas, o material final está muito bonito em especial as capas.

Princess of Mars - depois de ver o filme da Disney, resolvi ler o original de Edgar R. Burroughs, o pai do Tarzan. Achei o filme bem exagerado e a sensação que tinha era que estava muito distante do livro,  mas pelo que li até agora, a adaptação foi surpreendentemente fiel.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A volta dos que não foram

Depois de limpar as teias de aranha, espanar a poeira, faxina geral, o Beco do Crime está habitável novamente. Após um longo e tenebroso inverno, acho que chegou a hora de retomar a rotina aqui no blog.
Neste período que o Beco esteve parado muita coisa aconteceu, então o que não falta é delito novo para os apreciadores do blog. Nesta volta pretendo pegar leve. Motoqueiros, traficantes, armas, traições e muita violência (e sexo também, por que não?) Vamos de série de tv, vamos de Sons of Anarchy.
Sons of Anarchy estreou em 2008, atualmente está na sétima temporada, com a oitava confirmada. A série se passa na fictícia Charming, na California e é centrada nas histórias de Jackson “Jax” Teller (interpretado por Charlie Hunnam), vice presidente do clube de motoqueiros Sons of Anarchy Motorcycle Club, Redwood Original, ou SAMCRO. Cada temporada da série tem duas tramas que vão se cruzando ao longo do ano, a trama principal é centrada na vida de Jax e seus dramas enquanto tenta equilibrar seus deveres com o clube com seus interesses pessoais. A segunda mostra o dia a dia de SAMCRO, o tráfico de armas na parte oeste da California (principal fonte de renda para o grupo), os conflitos constantes com outras gangues e autoridades.


Ao longo da história, vamos conhecendo um pouco mais sobre os Sons, fundado por John Teller, o pai, e Clay Morrow, o padrasto de Jax. Como o clube desviou para o crime e como John pretendia salvar e limpar SAMCRO e Charming, até a morte interromper seus planos.
Esta morte não resolvida é um ponto de interrogação na história do clube e na vida de Jax e parte fundamental da trama da série.
Recheada de personagens fascinantes e de moral dúbia como Jax e Clay (Ron Perlman, o Hellboy) Sons foca nos relacionamentos e tem o grande mérito de dar pronfundidade a cada membro do clube. E desta forma descobrimos como funciona o grupo e suas motivações e como todos estão ligados a Jax e sua família.

Por falar em família, os Tellers são um caso a parte. Com a morte do pai, Jax é criado pelo padrasto, o presidente do clube. Uma relação conturbada e nem um pouco facilitada pela mãe, Gemma (Katey Sagal, a Peggy Bundy de Married with children). A matriarca comanda a família com mão de ferro, e trabalha nos bastidores do clube para valer sua vontade e demonstra um poder sobre os outros membros dos Sons. A atual mulher de Jax, Tara (Maggie Sif) mesmo contra sua vontade é envolvida nos problemas de SAMCRO e sua carreira em ascensão no hospital sofre as consequências.
Enquanto Tara e Gemma brigam pelo poder em casa, Jax e Clay disputam a liderança dos Sons e estes conflitos podem levar ao fim de SAMCRO.


Um sacada interessante da série é o visual de Jax, todos os membros do grupo usam e abusam do visual motoqueiros, jaquetas de couro, camisas pretas, tatuagens, botas... Jax, apesar da jaqueta preta, quase sempre está com uma camiseta branca imaculada com tênis também brancos. Um visual que o destaca dos outros e mostra que é o mocinho da história (não tão mocinho assim... O rapaz é tão violento quanto os outros).
Difícil falar de 7 anos de uma série sem revelar spoilers (não é do feitio do Beco estragar as surpresas), vou tentar ser o mais sucinto possível: Sons of Anarchy é foda! Primeira temporada começa meio devagar, eu mesmo fui e voltei várias vezes antes de embarcar de vez. Mas depois que engrena, o ritmo fica alucinante...
O grupo se envolve com o IRA e o sequestro de um dos bebês de Jax leva os Sons para a Irlanda e a uma verdadeira guerra. De volta aos EUA, passa uma temporada na prisão onde um dos membros morre em um luta sangrenta. (a série não dosa a violência, o sangue corre solto. Assassinatos brutais, torturas, tudo é mostrado sem filtro).
A morte de Oppie, seu melhor amigo e braço direito, faz Jax repensar suas prioridades e o leva buscar novos caminhos para o grupo. Briga com o IRA também diminuiu o lucro do clube, e Jax começa uma parceria com um estúdio de filmes pornô (o que faz a alegria dos outros Sons) na tentativa de conseguir uma nova fonte de renda. Construção, prostituição, SAMCRO coloca os pés em vários negócios nem todos legais, todos com problemas...
Com uma trilha sonora baseada em um rock de beira de estrada cheia de poeira, Sons of Anarchy é um prato cheio para quem além de boas histórias gosta de boa música. Destaque para Katey Sagal e Mark Boone Junior (o Bob Elvis da série) que além de atuar também participam da trilha.
Stephen King como Bachman
Sem falar na participação do tio King como um especialista em limpar cenas de crime. Bachman (personagem nomeado a partir do pseudônimo que King usou em vários dos seus livros) aparece para ajudar Gemma e Tig a se livrarem do corpo da enfermeira do pai de Gemma, morta por Tara (família complicada é isso aí...).

Sem mais enrolação, segue abertura da série e música e mais algumas coisinhas.


Bem vindos de volta ao Beco do Crime.
    
A Abertura

    
 Katey Sagal e Son of a preacher man

    
 Nem tudo é perfeito em Charming...

    
 Quando disse que a série era violenta...