quinta-feira, 26 de março de 2009

Filhos para que tê-los?

Galera, por várias razões, o Beco ficou esquecido (nunca abandonado), mas agora tudo deve voltar a normalidade dentro do possível. Então, vamos deixar as desculpas para lá e partir para o que interessa.Filhos, para que tê-los? Muita gente faz esta pergunta antes de tentar ter um, muita gente faz esta pergunta depois de ter... O fato é que estas criaturinhas são capazes das coisas mais absurdas, e muitas vezes, você tem certeza que ela só faz isto para te sacanear... Aqui no Beco do Crime, já falei do Calvin, mas sempre há outros personagens para fazer justiça ao título deste delito. Denis, o pimentinha, a família da série Blondie (aqui conhecida aqui como Belinda), Os Skrotinhos do Angeli, só para citar alguns... Uns dos que mais me agradam são os filhos da tirinha Baby Blues, aqui na terra brasilis, chamada de Zoé e Zezé.A série acompanha a vida de um casal, Darryl e Wanda McPherson desde o nascimento da sua primeira filha, Zoey (ou Zoé), passando pelo nascimento do segundo (Hammie, Zezé) e da terceira Wren (ou Zilá). As tiras diárias mostram o cotidiano de um jovem casal que tenta criar os filhos da melhor maneira possível, mas sempre esbarram nos desejos das crianças.Conflitos de irmãos, briga com os pais, tudo é motivo para riso nesta genial criação de Rick Kirkman e Jerry Scott. 
Mas neste caso específico as crianças ainda são quase bebês.Quem tem filho sabe que a coisa piora muito quando chega a adolescência. Tudo é muito mais trágico, mais dramático, mais cômico...
Os adolescentes, então, são uma raça a parte, capazes das atitudes mais absurdas e com as respostas mais desbaratadas possíveis. Para ilustrar o que digo, chegou em minhas mãos um relato real de uma mãe desesperada:
"Como Diria Vinícius: 'Filhos, melhor não tê-los'..."
Imagine que você tem um filho adolescente em casa e que já o advertiu milhões de vezes que, se a chave dele ficar atravessada na fechadura por dentro, a sua não abre a porta por fora.
Imagine que você chegou do trabalho, com fome, cansada e que ainda tem que preparar o jantar para tal criatura.
Imagine que você tem a sua chave, ela gira na fechadura, mas a porta não abre.
Aí ao longo de cerca de 1h e 40 min você toca, ao mesmo tempo, telefone, campainha e interfone, mas a pessoa não acorda.
Aí você fica convencido de que a pessoa, de fato, morreu lá dentro.
Aí você pede pro porteiro desligar a luz do AP, porque sem o ar condicionado, quem sabe ele acorda.
Aí o porteiro te diz que não dá não. Simples assim.
Aí você pensa que a única solução é o chaveiro.
Aí começa a chover.
Aí todos os chaveiros estão fechados.
Aí você fica sabendo que tem um 24 h na quadra da praia.
Aí você chega lá e ele te cobra R$65,00 pelo serviço, advertindo que a  fechadura Papaiz, que é bem cara, ficará irremediavelmente danificada  e precisará ser substituída.
Aí você apela para o emocional e diz ao chaveiro que já esta preocupada, que é o seu filho que está lá dentro...
E ele te responde que, nestes casos, é só ligar pro bombeiro que ele salva.
Aí o sacana acorda e te liga perguntando onde diabos você está.
Você está ensopada, com dor de estômago, quase chorando.
E não pode meter a porrada porque se não ainda vai ter que pagar analista.
É isso. Um dia você saberá...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Obrigado, papai.

Meu pai foi o cara que me ensinou a andar de bicicleta, nadar, jogar bola e junto com minha mãe me incutiu o prazer da leitura. Durante muito tempo, um comprava um livro para outro já pensando em ler o presente, depois que eu saí de casa, os livros passaram a viajar de um lado para outro, às vezes, voltava um livro que o outro já tinha lido. Nem sempre os gostos eram os mesmos, volta e meia vinha uma bomba para cá, ou segundo ele, um torpedo para lá...
A última recomendação dele foi a série do comissário Montalbano, de Andrea Camilleri. No início fiquei um pouco receoso (um pouco de preconceito, confesso) não imaginava que um velhinho italiano conseguisse escrever um bom policial. Mas Andrea Camilleri é bom demais!
Salvo Montalbano, comissário de polícia na fictícia Vigàta dos dias de hoje e personagem central inúmeros romances, novelas e contos. Sucesso de vendas na Itália, (o que significa alguns milhões de exemplares vendidos de cada livro), já teve várias histórias transformadas em filmes para televisão.
Camilleri conta que, após escrever o primeiro romance de Montalbano, A forma da água, não tinha intenção de manter o personagem. Porém o sucesso do livro levou-o a desenvolver outras tramas e fazer de Montalbano um protagonista singular: o siciliano circula numa realidade que não responde às exigências da lógica elementar, move-se entre obscuridades e indefinições, tem marcas humanistas fundas, mas nem sempre as manifesta em meio às aparências e às cerimônias que deve desempenhar no cotidiano.
Nas histórias de Camilleri, a personalidade única do comissário é exposta de forma direta e, na maior parte das vezes, risível. O texto, escrito de forma simplificada – principalmente pela escolha das palavras e pela ordem direta das frases – apresenta a Sícilia ao leitor.
O humor de Montalbano oscila, de ensolarado a nebuloso, conforme o clima da ilha. Come com voracidade e em quantidades impressionantes, mas ritualiza as refeições. O seu bom gosto gastronômico e as detalhadas descrições do autor sempre me dão água na boca. É quase sempre machista. É vulgar, grosseiro, e nas horas de humor nebuloso ou diante de obrigações burocráticas, é mestre em dar respostas ásperas e pelos palavrões, seus comandados na delegacia são sempre vítimas deste mau-humor crônico. Tem uma namorada, Lívia, que mora em Gênova, mas é ciumento e quase sempre quando envolvido em um caso, esquece da moça. Em suas aventuras, sempre se envolve com alguma bela mulher, que no final das contas termina sua amiga. O mais interessante de Salvo Montalbano é que nos livros e contos que li, ele apesar de resolver todos os casos (algumas vezes, a inspiração/solução vem quando eles está no banheiro...), nunca efetua uma prisão...
Aí em cima, tem uma foto de Montalbano e Livia da série de TV. Recomendo a leitura, quem gosta de um bom policial vai adorar. E papai, obrigado.