Muita coisa rolou, muita água passou
debaixo da ponte e já passamos outubro, (e até novembro). Mês das crianças,
halloween, bruxas e gatos pretos ficou para trás. Mas não dá para deixar passar
em branco, aqui no Beco do Crime temos um gato preto especial. Quadrinho
europeu de altíssimo nível, o delito da vez, trata de Blacksad.
Neste momento que vemos Guerra Civil,
Blackest night, Crise final e afins , é uma grata surpresa encontrar uma hq
voltada para o entretenimento. Sem querer ser mais do que ninguém, sem querer ser a versão
definitiva do momento deste ou daquele herói ou vilão, Blacksad entrega ao
leitor algo que faz tempo que não via: uma ótima história!
Apesar de não ser tão recente (Blacksad já
andou pelas bancas e livrarias da terra brasilis em um passado não tão
distante) foi apenas agora que tive a oportunidade de ler a série completa. E,
tive a comprovação do que já suspeitava a época, Blacksad é bom demais!
E agora, nas imortais palavras de Januário
de Oliveira: Taí o que você queria: John
Blacksad é um gato negro, criado pelos espanhóis Juan Díaz Canales e Juanjo
Guarnido e teve sua primeira história publicada no ano 2000.
Ambientado na américa, no fim dos anos 50,
Blacksad tem todos os (bons) ingredientes de um filme noir, mulheres fatais,
policiais corruptos, um herói durão e sem medo de usar violência quando
necessário (ou der vontade). Os
personagens são animais antropomórficos os quais as espécies refletem as
características de suas personalidades. Apesar de muitas vezes parecer um pouco
óbvio, os autores usam estereótipos de forma (nem tantas vezes sutil) mas
sempre corretas, por exemplo, os
policiais da série são todos caninos: Pastores Alemães, Bloodhounds, e raposas. Enquanto os
personagens do submundo são repteis ou anfíbios. Demonstrando muito cuidado com
todo o material, as personagens femininas tem um visual muito mais humano que
suas contrapartes masculinas, principalmente as que tem um papel mais
importante ou envolvimento com um personagem relevante.
O texto de Canales é redondo, muito bem
amarrado, mas é a arte de Guarnido o ponto alto da série. A partir de aquarelas
detalhadas, incluindo lugares reais, Guarnido consegue criar um clima realístico,
ao mesmo tempo sujo e escuro, e perfeitamente integrado com os animais que
estrelam a série.
Os principais personagens são:
John Blacksad – cabeça dura, explosivo,
violento, Blacksad é um gato preto e típico detetive particular. Criado em um
vizinhança pobre, o gato passou grande parte da sua juventude correndo da
polícia, esta experiência, e o fato de ter servido na segunda guerra mundial,
aprimoraram seu extinto de sobrevivência e habilidades de luta. Surpreendentemente,
Blacksad passou um ano na universidade estudando história antes de ser expulso.
Como todo bom detetive particular, narra suas próprias histórias com bastante
cinismo e comentários críticos sobre o mundo a sua volta.
Weekly – Parceiro ocasional de Blacksad,
Weekly é uma doninha com aversão a água e sabão. Otimista e fedorento, costuma
trabalhar para um jornal chamado What’s new.
Smirnov – Comissário de polícia e um dos
poucos amigos de Blacksad, Smirnov muitas vezes ajuda Blacksad a resolver seus
casos, já que sozinho não poderia tocar nos altos escalões sem sofrer pressão
“de cima”
Achei 4 volumes do gato:
Neste primeiro, Blacksad investiga o
assassinatode uma famosa atriz, Natalia Willford, com quem Blacsad já teve uma
relacionamento.
Suspeitos aparecendo mortos, prisão
indevida, uma surra inesperada, este livro tem todos os elementos dos clássicos
noir. Poderosos se julgando acima da lei, capangas violentos (e burros),
malandros e espertalhões, e um final brutal e politicamente incorreto (mas
cheio de justiça). Um perfeito cartão de visitas para Blacksad. Parte disto
saiu no Brasil, e foi isto que me chamou a atenção.
Arctic Nation
Enquanto o primeiro livro seguia uma linha
mais criminal, neste volume já temos uma temática mais social. Blacksad se vê
as voltas com o desaparecimento da jovem Kaylie. Em um subúrbio onde a recessão
do pós-guerra parece interminável, Blacksad descobre que abaixo da superfície
harmoniosa, existe um submundo de repressão, depravação e violência (e claro,
muitos segredos comprometedores). As
margens da sociedade o grupo chamado Nação ártica promove a a segregação racial
e mantêm um controle autoritário sobre a localidade. A ação chega ao ápice
durante uma cerimonia nos moldes da Klu Klux Kan, que Blacksad detona pra
resolver seu caso.
É, também, neste livro que somos
apresentamos a Weekly, que depois de certa resistência de Blacksad se torna seu
parceiro e um dos seu poucos amigos.
Red Soul
No terceiro volume, Blacksad está trabalhdo
para Hewitt Mandeline, um velho jabuti
milionário e bon vivant que o arrasta para Las Vegas e na volta para casa a um
vernissage onde encontra o Comissário Smirnov e sua família.
Em Red Soul, conhecemos um pouco mais do
passado de Blacksad. Na mesma galeria onde encontrou a família Smirnov, ele
toma conhecimento de uma palestra envolvendo um antigo professor, Otto Lieber,
renomado físico nuclear e candidato ao Nobel.
Enquanto Artic Nation falava de conflitos
sociais e econômicos a pegada aqui é mais política. O pano de fundo da história
envolve corrida nuclear e ameaça comunista. Apesar dos assassinatos e todo o
clima de suspense, pela primeira vez vemos um Blacksad mais contido, (e
sensível) . O detetive começa um relacionamento (ilícito, é claro) com uma
pacifista e logo está no centro de uma conspiração internacional.
A Silent Hell
Situado em New Orleans, e com jazz a todo
volume, desta vez menos crítico e contestador que os dois volumes anteriores,
este álbum segue a linha do primeiro, assassinato e muito mistério. Blacksad e
Weekly são contratados pelo famoso e bem sucedido produtor Faust LaChapelle
para encontrar seu melhor músico, Sebastian “little hand” Fletcher. Faust teme
que o vício em heroína de Sebastian pode
te algo a ver com seu desaparecimento.
Músicas roubadas, tráfico de drogas, velhos
segredos, voodoo, tudo que se espera encontrar em New Orleans está neste livro,
além de um Blacksad, violento e disposto a resolver o seu caso a qualquer
custo.
Como disse lá no começo do delito, descobri
Blacksad durante uma fase que comprava tudo que encontrava de quadrinhos em
banca de jornal. Logo depois o gato desapareceu do mercado nacional e ficou
esquecido na minha prateleira. Até que tive que mudar e organizar meus livros,
quando reencontrei as revistas. E uma coisa leva a outra, busquei os outros
álbuns e não me arrependi...
Quem gosta de um bom quadrinho, de uma boa
história, com boas referências, tem um prato cheio na mão. Vale muito a pena.
Em julgamento:
Psych – comédia
rápida e sem compromisso, traz as aventuras de Shawn Spencer, que desde criança
foi treinado por seu pai, oficial de policial, para ser um super detetive.
Rebelde e descompromissado, Shawn não se interessou em seguir carreira, mas
começa a ajudar a polícia de Santa Bárbara, fingindo ser médium e usando as
técnicas que aprendeu com seu pai. Com a ajuda do seu inseparável amigo de infância,
Burton Guster, Shawn desvenda os mais difíceis casos enquanto tenta se
“enroscar” com a detetive Juliet.
Bones – série
policial na linha parceiros diferentes que não se entendem. No caso um agente
do FBI, durão e cheio de instintos que começa a trabalhar com uma antropóloga
forense para resolver casos mais bizarros a partir da identificação de ossadas.
Um pouco de CSI, muito de tecnologia nas resolução dos mistérios, mas o grande
barato da série é a relação entre o agente Seeley Booth e a doutora Temperance
Brennan, ou Bones, como é chamada pelo parceiro. A antropóloga é toda razão e
fatos, e se mostra (até certo ponto) incapaz de mostrar emoção no seu dia a dia,
ao contrário do parceiro. Além disto, Bones demonstra um distanciamento dos
fatos atuais e cultura pop que rendem ótimas piadas quando Booth a “sacaneia”.
Indiciados
Xmen – first
class – atrasadão, mas até agora ainda não assisti ao último filme. Depois de
Thor, Man of steel, capitão américa, deu vontade de ver este também.
Rachel Rising
– quadrinhos de vampiro, descoberto por acaso e de autoria de Terry Morre
Cuckoo’s
Calling – escrita por J.K Rowling sob um pseudônimo, e o fato de ser um
suspense, me despertaram a curiosidade.