quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Elementar meu caro, Noel

Vamos lá, último delito do ano, aqui no Beco do Crime, este está na ponta da língua (do mouse? Do dedo? Sei lá, acho que alguém tem que atualizar estes termos...) já tem um bom tempo.
E para começar, uma celeuma, o delito envolve o maior detetive da literatura, e sinto muito, apesar da minha adoração, não é o morcegão... desta vez, estou falando de mr. Sherlock Holmes, imortal criação de Sir Arthur Conan Doyle.
Conheci o detetive comprido e esquisitão ainda antes de fazer 15 anos. Meu avô sempre me encheu de livros, Jules Verne, Edgar Wallace e dentre eles, um dia veio uma edição de O cão dos Baskervilles. Na época, me lembro que ainda demorei um pouco para pegar o livro, não sei porquê... mas quando comecei, não consegui parar!
Com poucas páginas, já sabia que estava lendo um personagem que iria marcar minhas leituras. A partir daquele livro, os livros de detetives viraram uma febre, mas com um porém, não valia roubar. Ou seja, graças a Holmes e Watson, uma trama deveria ser objetiva e real (na medida do possível para ter um bom livro, é claro)... nada de absurdos ou soluções que ignoravam o que acontecia antes. (um bom exemplo disto é O Crime do Mosaico).
Depois de O cão dos Baskervilles, meu avô, a cada vez que me encontrava, ia completando a coleção, O signo dos quatro (todos os meus amigos leram este, não sei como o livro ainda está inteiro de tanto que rodou...), Um estudo em vermelho, O vale do terror, memórias de Sherlock Holmes, aventuras de Sherlock Holmes... a coleção (pelo menos esta que ganhei) tem nove livros e reúne todas as histórias de Conan Doyle para o personagem.
A primeira leitura de tudo foi meio caótica, sem me preocupar com nada, a medida que ia ganhando os livros eu ia lendo, só mais tarde eu percebi que existia uma ordem cronológica das histórias. As releituras já foram seguindo esta ordem, o que torna a obra muito mais interessante, já que desta forma é possível perceber outras informações que a princípio não eram importantes ou passavam despercebidas.
Antes de continuar, uma breve descrição do personagem para situar os desavisados: Sherlock Holmes é um personagem de ficção da literatura britânica criado pelo médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle. Holmes é um investigador do final do século XIX e início do século XX. Surgiu no romance A Study in Scarlet (Um estudo em Vermelho) editado e publicado originalmente pela revista Beeton's Christmas Annual, em 1887.
Além do aspecto erudito, o detetive não demonstra muitos traços de sentimentalismo, preferindo o lado racional de ser. Mas, em inúmeras ocasiões, Dr. Watson diz que a "máscara gelada" de Holmes cai, dando mais humanidade ao personagem. Holmes apresenta alguns hábitos peculiares como a prática de artes marciais como boxe, esgrima de armas brancas e de bengala. Além disso, é um exímio violinista. Domina misteriosamente e incrivelmente uma vasta quantidade de assuntos do conhecimento humano, tais como Geografia, História, Química, Geologia, Línguas, etc. E este vasto conhecimento é sempre empregado na resolução de seus mistérios.
Fisicamente, Holmes era magro, vigoroso, com rosto agudo, nariz aquilino, olhos cinzentos penetrantes, ombros retos e um jeito sacudido de andar, segundo a descrição do próprio Watson, era uma figura marcante e diferente, capaz de se transformar através de vários disfarces.O seu grande inimigo, também dotado de extraordinárias faculdades intelectuais, é o professor Moriarty. Em 4 de maio de 1911, após uma luta feroz, Holmes e Moriarty desaparecem nas cataratas de Reichenbach, perto de Meiringen, na Suíça. Os protestos dos leitores foram tantos e de tal forma violentos, que Doyle foi obrigado a ressuscitar seu herói após esse verdadeiro assassinato.
Holmes acaba reaparecendo no conto "The Adventure of the Empty House", com a engenhosa explicação que somente Moriarty havia caído e como Holmes tinha outros perigosos inimigos, ele havia simulado sua morte para poder investigá-los melhor. Este é um bom exemplo do “roubar” que falei no começo do post, depois de matar o cara, Doyle conseguiu de maneira lógica, trazer o personagem de volta, sem desrespeitar a inteligência dos fãs, a volta do personagem não é automática, mas gradual, e durante várias histórias, o autor vai insinuando que Holmes poderia ter sobrevivido. (quem gosta de stephen King e leu Misery, sabe que o personagem principal passa por um problema semelhante). Holmes finalmente aposenta-se em Sussex por volta de 1939, onde cria abelhas.
Na obra de Conan Doyle, os personagens se envolvem em inúmeros crimes, e algumas altercações violentas. Mas este espírito aventuresco dos originais se perdeu um pouco pelas várias adaptações que muitas vezes se empenhavam nas descrições vitorianas e aspectos psicológicos e deixavam a ação em segundo plano.
Por isto quando li que Guy Ritchie dirigiria uma adaptação do personagem, e que pretendia focar na ação fiquei empolgado. Mas nem tudo que reluz é ouro, e agora mais polêmica, o filme do inglês não é um filme do Sherlock Holmes! Antes de mais nada, o personagem NUNCA poderia ser interpretado pelo Robert Downey ( acho ele um ótimo ator, mas não era o papel para ele), Holmes é alto, magro, meio desengonçado. Um pouco alienado das coisas triviais é verdade, mas nem perto do que foi retratado no filme! Quando assisti ao filme a sensação que tive era que estava vendo Tony Stark (neste caso, Downey era o cara mais que certo para o papel) que tinha viajado no tempo com um dos seus brinquedinhos... O filme é um filme de ação muito bem feito, mas baseado em uma obra que nem mesmo era do Doyle! Porra! Será que era pedir muito um roteiro em cima de O Cão dos Baskervilles? Muito dinheiro desperdiçado, muito confete para um filme que não era do personagem real... a sensação que tive era: fui enganado... uma pena, confesso que espera muito mais do filme e esperava um pouco mais de respeito por um personagem histórico da literatura mundial....
Algumas curiosidades sobre o personagem, John Lescroart escreveu dois livros com um personagem chamado Auguste Lupa que seria filho de Sherlock Holmes, e para confundir ainda mais, se tornaria Nero Wolfe, de Rex Stout... Holmes apareceu também em uma história do Batman, dando as caras no final da história e o Batman fica meio que sem ação, como um fã nerd...
E a frase do titulo, Elementar, meu caro Watson, nunca foi dita pelo personagem. Foi criada em uma das inúmeras adaptações que foram feitas em cima da obra de Conan Doyle...
Quem quiser uma versão atual de Holmes, pode assistir a série nova da BBC, o trailer está aí embaixo, o personagem atualizado para o ano 2000, é muito mais Conan Doyle que o Holmes de Guy Ritchie e Robert Downey!



Hohoho, um feliz natal para todos. Quem clicar nas capas pode comprar os livros (escolhi os dois que gosto mais).

Nenhum comentário: